Relatório divulgado pelo grupo nesta terça, dia 26, destaca a preocupação dos europeus com a crescente volatilidade de preços nos mercados agrícolas e o risco de a Europa ficar para trás como parceiro fundamental para explorar o grande potencial da agricultura africana. O crescimento econômico do continente (o PIB está aumentando em 27 das 30 maiores economias locais), novos recursos financeiros e o compromisso das nações desenvolvidas de fornecer US$ 22,5 bilhões para combater a fome mundial, firmado em 2009 na cidade italiana de L’Aquila, estão criando um ambiente fértil para investimentos no setor.
? A segurança neste país (Reino Unido) depende da segurança global, e a segurança global depende da segurança alimentar ? disse Gordon Conway, professor de Desenvolvimento Internacional no Colégio Imperial de Londres.
A União Europeia já é o maior parceiro comercial da África e agora quer ser o maior parceiro agrícola.
? A Europa deve agarrar a oportunidade para assegurar a oferta de alimentos por meio do desenvolvimento da agricultura na África ? disse Lindiwe Sibanda, chefe da Rede de Análise de Políticas de Alimentos, Agricultura e Recursos Naturais.
Ela lembrou do sucesso do Programa de Desenvolvimento Agrícola Africano (CAADP), que tem o objetivo de aumentar os gastos dos governos locais no setor de 4% para pelo menos 10% dos orçamentos nacionais nos próximos cinco anos.
Outros países estão de olho no potencial agrícola da África. Um relatório do Banco Mundial informou que investidores estrangeiros compraram 45 milhões de hectares de terras agrícolas no continente apenas em 2009. Entre 1999 e 2008, as aquisições de terras ali foram de quatro milhões de hectares por ano, em média.
? Se a Europa investir na África, nos beneficiaremos do desenvolvimento agrícola e econômico daquele continente”, disse Conway durante almoço para o lançamento do relatório, em Londres.
? É o que Brasil e China já perceberam.
O relatório, intitulado África e Europa: pareceria para o desenvolvimento agrícola e lançado no Parlamento britânico hoje, pede que sejam criados novos mecanismos para reduzir a volatilidade nos mercados de alimentos, incluindo a melhora na regulação dos mercados de commodities e a formação de estoques de segurança para lidar com futuros choques de oferta. “É evidente que os mercados de alimentos não podem ser excluídos da regulação necessária já que eles estão muito conectados às atividades especulativas nos mercados financeiros”, diz o relatório. As informações são da Dow Jones.