Segundo o representante da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, o preço do etanol estava defasado no primeiro semestre de 2009. Com o recorde de vendas de carros flex, que representaram 90% dos automóveis novos comprados, os preços se recuperaram e o equilíbrio entre oferta e demanda foi alcançado em junho.
? No segundo semestre começou um desajuste. Ali o mercado começou a sentir em função da falta da oferta normal ? afirmou.
Segundo Prado, o excesso de chuvas no período de colheitas fez com que as máquinas ficassem paradas cerca de 20 dias a mais do que o normal, além de piorar a qualidade da cana, que tinha menos sacarose e contribuiu para reduzir a produção de etanol em 1,8 bilhão de litros. Essa quantidade é equivalente ao consumo nacional de um mês.
Um novo equilíbrio entre a oferta e a demanda do produto deve ocorrer somente a partir de março.
? Conversei com representantes de várias usinas de São Paulo, que é o maior produtor, e a maioria me falou que começará a colher em meados de março, um mês antes da data normal ? disse Prado.
Segundo ele, essa antecipação se dará porque nessa época já haverá cana para colher e as usinas querem evitar algo que nunca tinha acontecido na região: o fim da colheita com cana-de-açúcar ainda na lavoura.
Levando em consideração apenas os últimos cinco meses, o aumento do preço do etanol nas bombas foi de 21%. Atualmente, apenas em sete Estados é vantajoso abastecer o carro flex com etanol: na Bahia, em Goiás, Mato Grosso, no Paraná, em Pernambuco, São Paulo e no Tocantins. Como o veículo flex com álcool tem 30% menos autonomia (volume gasto para percorrer a mesma distância), para o seu uso ser vantajoso o consumidor deve pagar por ele pelo menos 30% menos do que o preço da gasolina.
De acordo com a pesquisa da ANP, o Estado de Mato Grosso tem o etanol mais barato, custando, em média, R$ 1,60. Roraima oferece o combustível mais caro, a R$ 2,15. Em São Paulo, maior Estado consumidor, o valor médio é de R$ 1,67.