Preço da soja não deve se manter em alta, afirmam analistas de mercado

Problemas climáticos nos Estados Unidos não dão sustentação para as cotações da oleaginosa

Daniel Popov, de São Paulo
Os problemas climáticos enfrentados no último final de semana no cinturão produtivo de soja e milho dos Estados Unidos acenderam um sinal de alerta sobre os preços futuros da soja. A alta registrada nas cotações animou alguns produtores brasileiros. Mas, será que existe espaço para novas altas? Alguns analistas de mercado respondem esta pergunta.

O clima nos Estados Unidos atraído a atenção do mercado de commodities internacional nesta semana. No final de semana, as baixas temperaturas e chuvas interferiram no desejo de plantar a nova safra de milho e soja. O resultado? Altas dos preços dos grãos na Bolsa de Chicago nesta segunda, que fechou a sessão com altas próximas a 15 pontos.

Os efeitos do clima na cotação já era perceptível durante o dia, como ressaltou o analista de mercado, Vlamir Brandalizze. “É um começo de semana positivo para os produtores brasileiros e ruim para os americanos. Teve geada em trigo e temperatura muito baixa para milho e soja plantada, além de áreas inundadas no cinturão, com grande chance para replantio. Com isso, temos um fator novo que precisava para dar uma animada no mercado, que estava um pouco calmo demais”, disse.

O analista de mercado, Pedro Dejneka, sócio da consultoria americana MD Commodities, explica que realmente não é comum, neste momento, ter um clima tão úmido. Entretanto ressalta que os problemas climáticos não afetaram todo o país e, onde aconteceu, foi pontual. “Por aqui ainda é começo de safra, não tem como garantir quais problemas teremos. Esse tempo com certeza atrasou um pouco os trabalhos, mas eles devem voltar a todo o vapor nas próximas semanas. Pode ser que algumas áreas precisem ser replantadas sim, mas nada como a imprensa brasileira tem apontado. Não tem caos por aqui”, afirma Dejneka.

Ele destaca que ainda há muita soja no mundo, não só no Brasil e sem uma ameaça real a safra dos Estados Unidos fica difícil prever ou ter altas sustentáveis nos preços da soja. “O produtor brasileiro tem que ficar atento e vender ao menor sinal de alta. Não pode ficar esperando altas que podem nem vir, como fizeram antes.”, diz o consultor.

Brandalizze concorda com Dejneka sobre esta alta expressiva não ser contínua. “Normalmente, quando há essa alta, pode haver uma liquidação. Mas, o fundamento climático é positivo e pode dar patamares para soja e milho nos próximos dias. Aquele nível próximo de US$ 9,40 da soja, já está próximo de R$ 9,60 e caminha para se consolidar a R$ 9,50 a R$ 9,80 e, dependendo como for a chuva nos próximos dias, nos meses futuros pode ‘beliscar’ os US$ 10”, falou o analista.

Outro analista que concorda que os preços não tem razão para subir é o analista da Safras & Mercado, Luiz Gutierrez. Para ele os preços tendem a ficar no patamar de US$ 9,50 por bushel. “Os valores de maio estão na casa dos US$ 9,56 e os de julho em 9,67. Com o passar do tempo a tendência é que os valores de julho recuem e fiquem mais parecidos com os de maio”, explica ele.

Gutierrez relembra que ao menor sinal de problemas mais sérios com o clima nos Estados Unidos os produtores de lá tendem a migrar do milho para a soja, que tem uma janela de plantio maior. Esta informação também foi confirmada por Dejneka. “Se isso acontecer, esse possível aumento de área poderá acarretar em queda nos preços, mais uma vez”, diz o analista da Safra & Mercado. “Só se o clima americano for um desastre é que poderemos ver preços aumentarem.”

Outra possibilidade para o produtor brasileiro é em relação ao câmbio, que segundo Gutierrez poderá ser impactado pelo desenrolar das mudanças na reforma da Previdência e Trabalhista. “Se for aprovada as mudanças, possivelmente teremos um cambio mais baixo. Caso contrário há perspectiva de alta e o produtor deve ficar atento para aproveitar”, finaliza ele.

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