Em apenas uma fazenda no interior de São Paulo, há 30 toneladas de adubo em estoque. Uma parte foi comprada no ano passado, e a outra há poucos dias. Neste intervalo de tempo, o agricultor Adilson Amstalden Júnior percebeu a diferença de preço.
? Quando a gente comprou esse estoque de adubo, o preço estava mais baixo do que está hoje. Ele foi adquirido em uma condição de preço mais favorável com entrega posterior ? diz o produtor.
Segundo Amstalden Júnior, desde a última aquisição, a tonelada do fertilizante ficou R$ 200 mais cara. Ele só pretende voltar às compras em abril, quando a demanda para o plantio do milho safrinha diminuir.
? O adubo em estoque vai ser utilizado na lavoura do feijão. O trator prepara o solo para o plantio que começa nos próximos dias. O da batata tem início em maior tempo. Mas agora o produtor tem dificuldades em antecipar compras ? afirma.
Falta remuneração. O milho já está seco no pé, mas a colheita de verão ainda não começou na fazenda. Mesmo com parte da safra vendida, o produtor ainda não sabe quanto vai receber.
? A gente já tem compromisso de entrega, mas o preço ainda não foi definido, vai ser definido na hora da entrega. Vai demorar ainda para entrar um pouco de dinheiro para efetuar a compra dos fertilizantes ? explica Amstalden Júnior.
O valor dos insumos subiu em compasso com a alta do dólar neste início de ano, o que é reflexo da dependência externa. O Brasil importa mais de 60% da matéria prima utilizada na fabricação de fertilizantes. A consultora em agronegócio Elizabeth Chagas calcula um ajuste de quase 10% nos preços só no último mês de janeiro.
? Eu acho que estamos vivendo um momento pontual em termos de aumento de preço. Nós vamos ter que esperar como se comporta os dois próximos meses, ver a demanda mundial que é uma época em que a demanda inexiste. O hemisfério Norte comprou praticamente tudo o que precisava ? diz a especialista.
Já que a alta do dólar também valoriza os preços dos produtos agrícolas, a recomendação é não se precipitar.
? Depende muito do crédito que ele tenha ou não tenha, depende muito se o dólar vai subir ou vai baixar. É complicado fazer uma previsão dessa maneira ? avalia Benedito Ferreira da Silva, do Departamento de Agronegócio da Fiesp.
O produtor Adilson Amstalden Júnior resolveu esperar, mesmo sabendo que os preços não costumam subir na mesma proporção.
? A gente sempre espera que aconteça um equilíbrio que venha a equilibrar para ficar mais fácil pra gente trabalhar ? conclui o agricultor.