Um dos fatores que contribui para a formação do preços é o nível de sacarose no produto. Com comprometimento da qualidade por causa do clima, a cotação, agora, começa a cair. Neste período do ano os canaviais apresentam uma parte da cana recém plantada e outra pronta pra ser colhida. Os pés novinhos são para safra 2011/2012.
Da safra deste ano, o agricultor José Rodolfo Penatti espera colher 10 mil toneladas. Ele acha que vai ter uma cana com qualidade comprometida, o que vai refletir no açúcar total recuperável (ATR), o nível de sacarose na cana.
? Nós tivemos no ano passado um período de estiagem prolongado. Iniciou em abril e veio a chover com frequência só a partir de novembro. Este período de estiagem fez com que os canaviais não tivessem um desenvolvimento bom na safra passada ? conta Penatti.
A quantidade de açúcar na cana ajuda a formar o preço do produto que vai pra usina. Em 2009 chegou a 131 quilos de ATR por tonelada. No ano de 2010 foi um pouco mais, 142 quilos. O clima é que interfere nesta oscilação.
Nos canaviais no Estado de São Paulo a colheita deveria ter começado no início de abril. O atraso foi estratégico para que a cana se desenvolvesse melhor, ficasse com melhor qualidade e preço também.
Como em qualquer outra atividade, também na cana o mercado é determinante para formação de preços. Como aumentou o consumo principalmente de etanol e a oferta não foi tão boa nos últimos meses, a cotação subiu. A safra 2010/2011 fechou com o preço de R$ 56,00 a tonelada. A ATR era de R$ 0,40 por quilo.
Essa nova safra que vai até março de 2012, começou com ATR na casa dos R$ 0,57, o que fez o preço da tonelada subir a R$ 80,00. Mas, como acontece todos os anos, não deve se manter assim. A previsão da Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba é de que fique em torno de R$ 65,00 a tonelada em março 2012.
? Nós temos a esperança de que melhore e que chegue a uma média de 140 quilos de ATR por tonelada, com um preço de fechamento de no mínimo R$ 0,45 de ATR ? relata o presidente da Associação, José Coral.
Quanto ao volume, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) divulgou no mês de abril uma previsão de aumento. A safra 2011/12 deve chegar a quase 570 milhões de toneladas de cana, 2% a mais que na safra passada. O levantamento prevê também que a colheita se concentre nos meses em que o ATR seja mais elevado, bem no meio do ano. A pouca quantidade de cana da safra passada ainda para ser colhida, a chamada cana bisada, vai interferir também no ATR, que deve mesmo ficar em torno de 140 quilos por tonelada este ano.
? Nós temos a certeza de que os próprios agricultores que não vinham renovando canaviais, até muitas usinas, com estes preços melhores voltem a renovar canaviais e ampliar algumas possíveis áreas novas porque ainda temos áreas de citrus e outras coisas mais que dá para ampliar. O Estado de São Paulo ainda tem muito para crescer ? conclui Coral.