De acordo com analistas e representantes do setor, fatores como a dobradinha com a soja e a renegociação das dívidas dos arrozeiros vão ajudar nos preços durante a colheita, com estimativa de que o valor se mantenha no patamar de R$ 30 a saca.
– Muito arrozeiro tinha de vender o produto na largada da safra, pelo preço que estava, para poder honrar compromissos com bancos e empresas fornecedoras dos insumos. Agora, com a opção da soja, poderá segurar o arroz, aumentando o valor – avalia o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Claudio Pereira.
Oferta do grão vindo da Argentina e do Uruguai deverá ser reduzida
Na prática, quem opta pela rotação de cultura compartilha a ideia de que é um casamento útil para manter a renda na propriedade.
– Minha estratégia é vender o arroz um pouco de cada vez, ao longo do ano, para fazer uma média. Além disso, a soja me ajuda a manter o caixa para plantar a lavoura de arroz – conta Luiz Carlos Machado, de Santo Antônio da Patrulha.
O produtor utiliza a estratégia do plantio de soja em várzea há quatro safras. Segundo o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), Renato Rocha, a renegociação das dívidas dos produtores (veja quadro) também influenciará o mercado, pois o produtor não será pressionado a vender o produto na largada da safra. Dificuldades registradas nos vizinhos Argentina e Uruguai indicam uma redução do plantio nos dois países.
– Eles estão tendo problemas com altos custos de produção, e isso deve se refletir nos preços no Brasil, pois não teremos tanta oferta vinda desses países quanto em anos anteriores – aposta Rocha.
Para o analista de mercado Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências, devido à conjuntura, neste ano o produtor terá maior poder de influência nos preços do arroz. Afirma também que as exportações do grão no primeiro semestre vão determinar o ritmo de oferta e demanda:
– Nosso período de colheita coincide com a entressafra dos países asiáticos, o que coloca o Brasil em posição de destaque neste momento. A questão do preço dependerá muito da demanda – salienta Barata.
*Colaborou Júlia Otero