? Isso acontece, principalmente, por razões culturais, mudanças de hábitos ? diz o relatório completo, que pode ser lido no site da Epagri-SC.
Segundo a Epagri/Cepa a saca de 50 quilos de arroz foi comercializada a R$ 21,40 em fevereiro e R$ 23,02 em janeiro. Em algumas regiões esse preço é ainda menor e chega a R$ 20. O relatório do Centro aponta uma redução constante do valor da saca de arroz desde 2008. Nos últimos 11 anos os preços oscilaram entre o valor máximo de R$ 48,63 em fevereiro de 2004 e o mínimo de R$ 20,70 em maio de 2006.
O baixo preço pago aos produtores aponta para uma crise iminente no setor. Dados de 2008 indicam que o arroz é responsável por 3,5% do Valor Bruto da Produção (VBP) catarinense, um valor considerável, destaca Ilmar Borchardt, analista de mercado do Cepa. Ele considera também que uma crise no setor pode ter reflexos sociais importantes, já que 64% do arroz produzido em Santa Catarina é proveniente da agricultura familiar.
Os analistas da Epagri/Ciram destacam cinco questões que fazem aumentar as dificuldades dos produtores. A primeira delas seria a taxa de produtividade, estável desde 2008, que impede uma compensação na queda do preço. O aumento de arrendamento das lavouras também eleva os custos da produção. Soma-se a isso a rolagem de dívidas contraídas por produtores no passado e a falta de perspectiva de queda nos preços dos insumos. Por fim, o aumento da participação do arroz irrigado na produção total, que impede a diminuição da área cultivada, devido ao tipo de solo e a grande infraestrutura já instalada.
O relatório ressalta ainda a queda do consumo como um dos fatores que pode estar influenciando a queda do preço do arroz. Analisando os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo IBGE, os técnicos da Epagri/Cepa perceberam uma redução significativa do consumo de arroz no Brasil, que passou de cerca de 30 quilos por pessoa ao ano em 1985 para 14,6 quilos por pessoa ao ano em 2010.
? Já que a redução aconteceu em todas as regiões, nos meios rural e urbano, em todas as faixas de renda, parece claro que deve ser atribuída a uma mudança de padrão de consumo, de hábitos alimentares, com menor ingestão de carboidratos e maior de gorduras e proteínas ? ressalta o documento da Epagri/Cepa.
Os analistas da Epagri/Cepa consideram que, após atingir excelentes níveis de produtividade, as entidades envolvidas na produção e comercialização do arroz devem repensar seus limites, bem como a otimização da produção e dos mercados.
? É necessário que se repense a produção nacional, uma vez que o consumo é decrescente e, mantidas as condições atuais, a produção brasileira não encontrará outros mercados ? recomenda o relatório.