Em época de colheita da soja no Brasil, os produtores já sabem que as cotações do grão irão cair na Bolsa de Chicago. Normal! Isso acontece também com os Estados Unidos em meados de setembro, quando retiram sua safra. Mas então, o que levou os contratos futuros da oleaginosa a fecharem janeiro com a pior queda mensal desde 2018? O analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez responde essa questão.
Segundo o analista, os preços do grão devem fechar janeiro acumulando queda de aproximadamente 8%. Mas se engana quem acha que esse forte recuo se deve em grande parte ao alastramento do coronavírus.
“A soja já tinha espaço para cair com a entrada de uma grande safra do Brasil e da Argentina, juntamente com a falta de demanda da China pela soja dos Estados Unidos, após o acordo. O coronavírus entra como mais um fator”, ressalta.
Aliás, para Gutierrez, a falta da demanda chinesa pela soja dos Estados Unidos é um dos fatores mais importantes neste quesito, pois o mercado já vinha precificando a soja em relação a safra recorde brasileira.
“Depois do acordo com os americanos, a expectativa do mercado era de pelo menos algumas negociações fossem acontecer. Mas pelo jeito eles não devem comprar no primeiro semestre”, conta.
Ele acredita que o alastramento do coronavírus gera impactos, de fato, principalmente no mercado financeiro. “Por isso os fundos entram vendidos em ativos de risco, como na Bolsa e outros itens. Não à toa que o câmbio está em R$ 4,27”, finaliza.