As grandes colheitas vão garantir ampla oferta global. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, por sua sigla em inglês) estima que as exportações de soja do Brasil em 2012 superarão os embarques dos Estados Unidos. O USDA já reconheceu uma redução da demanda estrangeira e durante os últimos sete meses baixou sua estimativa de 2012 em 215 milhões de bushels, para 1,33 bilhão de bushels.
– A mudança significa que os Estados Unidos podem eventualmente precisar produzir soja suficiente apenas para cobrir as necessidades domésticas -, declarou o analista Karl Setzer, da corretora MaxYield Cooperative. Com menos exportações, os estoques dos Estados Unidos podem voltar a níveis mais confortáveis, amenizando preocupações com a oferta – que impulsionaram os futuros para máximas em três anos no fim de agosto.
O grande aumento da produção na América do Sul se deve em grande parte ao clima favorável durante a temporada de desenvolvimento da safra. Brasil e Argentina ficaram sem mais soja para vender e os amplos estoques os permitiram a ficar no mercado de exportação na maior parte do ano. Compradores estrangeiros confiaram principalmente nos Estados Unidos para abastecimento de setembro a janeiro, mas essa janela está se estreitando, conforme a produção latino-americana se expande.
De acordo com o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês), as exportações do Brasil podem aumentar 23% no próximo ano-safra, totalizando 36,8 milhões de toneladas, enquanto as da Argentina devem crescer 30%, para 12 milhões de toneladas. O ciclo na América do Sul vai de fevereiro a janeiro.
Independentemente da competição com a América Latina, Anne Frick, da corretora Jefferies Bache, enxerga uma retração da demanda global pela soja dos Estados Unidos. Os preços elevados durante boa parte do ano, a desaceleração da economia global e o enfraquecimento do crescimento da China são fatores negativos para os preços da oleaginosa, de acordo com a analista.