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O plantio do tomate atrasou quase duas semanas. Os pés, que ainda estão baixos, já deveriam estar maiores. Segundo o produtor Adalberto Vieira Freitas, o problema não foi a falta de chuva, porque a lavoura é toda irrigada, mas o baixo nível dos reservatórios e a possibilidade de desabastecimento de água.
Freitas produz tomate em oito hectares e espera uma safra de 10 mil quilos. Para dar início à produção, ele conta que todo dia ia para a margem da represa. Foi assim em janeiro e em parte de fevereiro, até ele ter segurança para fazer o plantio.
– No inverno, às vezes fica 90 dias sem chuva e a represa não baixa tanto. Não sei se é pelo verão ou pelas temperaturas mais altas, mas em 20 dias sem chuva, a represa baixou dois metros. Depois, todo dia eu monitorava e ia caindo 10, 15 centímetros. Optei, então, por atrasar o plantio – explica o produtor.
A estiagem com calor intenso antecipou o início da colheita em algumas lavouras da região Sul e atrasou o plantio no Sudeste. A oferta reduziu e os preços subiram muito mais do que os produtores esperavam.
– Há 60 dias, no início de janeiro, a previsão para março era de preço baixo, em uma média de R$ 20,00 a caixa. A nossa previsão foi por água abaixo sem ter chuva – lamenta Freitas.
No maior entreposto da América Latina, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), em São Paulo, os preços dos legumes registraram alta de 33%. O tomate ficou 67% mais caro em fevereiro. A vagem também teve alta de 67%, e o pimentão verde, 60%. A abobrinha italiana azumentou 49% e o chuchu, 46%.
Entre as frutas, as maiores altas foram da uva niagara, da melancia, da manga tommy e do melão amarelo. Entre as verduras, coentro, alface e repolho subiram mais de 100% no mês passado. No caso do tomate, mesmo com a forte alta, o preço em torno de R$ 3,20 pelo quilo em fevereiro é menor que os R$ 4,00, em média, cobrados no atacado no mesmo período em 2013.
– A situação é completamente diferente. No ano passado, tivemos alta devido à chuva e ao intervalo entre as safras. Agora é a estiagem que causou problemas, mas o preço em relação ao ano passado ainda é muito mais barato – salienta o economista Ceagesp, Flávio Godas.