Em julho de 2013, com oferta bastante restrita no mercado local, os preços do trigo já haviam disparado na Argentina, descolando-se do mercado internacional. Preocupado com a inflação, o governo negociou com produtores o aumento da oferta e reverteu a alta.
A escassez do cereal é resultado do clima adverso às lavouras e das políticas restritivas que fizeram o produtor se voltar para outros cultivos nos quais há menos intervenção governamental, como soja, cevada e girassol. A estiagem já comprometeu o rendimento do cultivo, especialmente no norte e centro de Santa Fe, onde as perdas são de quase 40%. De acordo com o Instituto de Estudos Econômicos da Sociedade Rural Argentina (SRA), a estiagem afeta também o sul de Córdoba e o norte e oeste de Buenos Aires.
Em apenas 10 dias, o preço do trigo subiu de US$ 500 para US$ 683, o que deve provocar aumento no valor da farinha, segundo estimam os panificadores. O preço do quilo do pão já custa 22 pesos (US$ 3,76) nas padarias da capital argentina. Porém, a administração do país afirma que o valor do produto está congelado em 10 pesos (US$ 1,70). O pão ocupa na mesa do argentino o mesmo lugar que o arroz na dos brasileiros.
O Ministério de Agricultura e na Secretaria de Comércio Interior, afirmam que os produtores e exportadores escondem o trigo para especular com o preço. Porém, os analistas afirmam que o estoque existente é de apenas 500 mil toneladas de trigo de baixa qualidade por causa de doenças provocadas pelo excesso de umidade no cultivo passado. A última safra foi de 8,2 milhões de toneladas, conforme o Ministério de Agricultura. Deste volume, 3 milhões de toneladas foram exportadas e 5,7 milhões de toneladas, consumidas pelos moinhos locais – o volume considera estoques de passagem. Até julho, os moinhos registraram a moagem de 3,6 milhões de toneladas, deixando 500 mil de toneladas para agosto a novembro. Embora a colheita comece no fim de novembro, o mercado duvida que haverá trigo o suficiente para atender a demanda doméstica. Por isso, o preço aumenta para este mês.
O economista-chefe da SRA, Ernesto Ambrosetti, estimou que as chuvas que caíram nos últimos dias chegaram tarde demais e não reverterão a quebra da safra, estimada, inicialmente, 12 milhões de toneladas. Na última quinta, dia 10, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires estimou que a safra 2013/2014 será de 10,35 milhões de toneladas, 17,6% acima da colheita anterior.