A empresa Castelo Alimentos, de Jundiaí, no interior de São Paulo, que está no mercado desde 1905, produz 70 milhões de litros de vinagre por ano, a maior parte, à base de álcool industrial. Fabricar o produto ficou mais caro por causa do aumento no preço da matéria-prima derivada da cana-de-açúcar, que responde por 30% do custo.
? Se torna inviável manter a operação funcionando. Então, nós tivemos que fazer um pequeno aumento no começo do ano, na faixa de 10%, o que, nem de longe, repõe a margem com os custos atuais do álcool ? disse Marcelo Cereser, diretor superintendente da Castelo Alimentos.
Segundo a Associação Nacional da Indústria de Vinagre (Anav), o álcool aumentou quase 80% em relação a abril do ano passado. O presidente da entidade afirma que todo o setor sentiu o impacto e teve que reajustar os preços. Considerando o período de novembro de 2010 a abril de 2011, as vendas tiveram queda de 15% em relação ao período de novembro de 2009 a abril de 2010.
? Tivemos uma retração de consumo justamente neste início de ano, que é o período em que mais se vende vinagre, que é o período de calor ? afirmou Cláudio Wilson Borin, presidente da Anav.
O Brasil produz atualmente mais de 170 milhões de litros de vinagre por ano. Cerca de 80% desse volume é do produto à base de álcool industrial. Com o início da nova safra, as cotações da matéria-prima já registram queda, mas os representantes da indústria de vinagre afirmam que a situação ainda está longe da considerada razoável e que, dificilmente, esses preços devem voltar aos níveis registrados no ano passado.
De acordo com a Anav, o valor médio pago pela indústria de vinagre neste mês está em RS 1,9 por litro de álcool. O preço, considerado razoável, é calculado em R$ 1,35 por litro.
? Teremos que repassar para o consumidor. Terá que ser essa a prática ? frisou Cláudio Wilson Borin.
O diretor superintendente da Castelo Alimento, diz que quando os preços sobem muito, eles são obrigados a tomar medidas para melhorar o processo.
? Sobe muito e quando desce, não desce aos patamares do ano anterior, forçando a gente tomar medidas no sentido de melhorar processos, otimizar processos e até, em casos extremos, postergar investimentos ? observou Marcelo Cereser.
Para esse empresário, o governo deveria intervir para equilibrar o mercado.
? O álcool, hoje em dia, é muito focado como uma fonte energética, mas, além de ser uma fonte energética, é também uma fonte alimentícia. A cadeia inteira de alimentos é afetada por esse insumo chamado álcool. O que nós entendemos como necessário para se fazer é o governo obrigar ou criar estoques reguladores na entressafra para que a gente não passe o estresse que nós passamos neste ano tendo o Brasil que importar etanol de milho dos Estados Unidos ? disse Marcelo Cereser.
Já o presidente da associação que reúne os fabricantes propõe algo diferente.
? Teria que ser feita uma parceria entre os fabricantes de vinagre para ver se haveria uma possibilidade. O governo, eu acredito que não se interessaria por isso porque o volume de álcool consumido pelos fabricantes de vinagre perto do consumo de álcool para combustível é ínfimo ? concluiu Cláudio Wilson Borin.