– A causa foi o choque de ofertas de matérias-primas agrícolas, que não virou uma pressão tão grande no varejo – afirmou o coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
Entre os destaques dos agrícolas estiveram: soja (65,52%), mandioca (53,90%), trigo (50,70%), farelo de soja (85,12%) e batata inglesa (89,27%). Já o minério de ferro foi destaque de influência negativa, com queda de 14,59%.
A inflação no varejo, por sua vez, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), fechou em desaceleração, passando de 6,36% em 2011 para 5,74% em 2012. Neste caso, a perda de ritmo da inflação refletiu, entre outros pontos, as medidas do governo de estímulo ao consumo, que reduziu os impostos e, portanto, os preços de alguns produtos. As influências positivas no varejo partiram dos grupos alimentação, com alta acumulada no ano de 8,94%, e serviços, de 8,17%.
Entre os alimentos, os principais avanços ocorreram entre os produtos agropecuários. As aves ficaram 10,47% mais caras e as carnes suínas, 10,52%. Já o preço do óleo de soja avançou 22,86% e o conjunto arroz e feijão ficou 33,98% mais caro.
– A situação foi suavizada pelas carnes bovinas, que tiveram queda de preços, de 1,72% – ressaltou o economista. No ano, os alimentos in natura avançaram 19,49% e os processados, 7,54%.
Em contrapartida, os bens duráveis caíram 4,68% e os combustíveis e lubrificantes tiveram queda de 0,22%.
– O álcool anidro (adicionado à gasolina) fechou o ano negativo, mas termina 2012 em fase de pressão, com alta de 7,48%. Se no começo da entressafra está com uma alta nessa magnitude, é possível que chegue ao fim deste ano com uma variação mais expressiva do que em 2012 – afirmou.
A estimativa de Quadros é que os produtos que ajudaram a segurar os preços em 2012 passem a pressionar a inflação neste ano, como os combustíveis. Em sentido oposto, as principais altas do ano passado, como a dos alimentos, tendem a influenciar menos em 2013.