? É um momento de atenção, pois não existe estoque. O estoque global está muito baixo. O que temos visto para todos os produtos é que você tem tido avanço na produção, mas também avanços em demanda em taxas superiores ao aumento da produção. Aí, quando ocorre um problema e você reduz, a situação é muito explosiva. É isso que a gente está vivendo no caso do trigo: esta safra particular que vai até meados do ano vai estar com oferta abaixo do demanda mundial ? explica Amarilys.
No Brasil, os moinhos já pagaram mais pelo grão nos últimos meses. Em julho do ano passado, o preço médio do trigo nacional estava em R$ 460 por tonelada. Em janeiro, a média foi de R$ 520, uma diferença de 13%. O trigo importado também ficou mais caro. Segundo os empresários, repassar esse custo vai ser inevitável.
? O custo do trigo na farinha é de mais de 70% em média. Eu estimo que os moinhos repassaram entre 2% e 4% nesses últimos 60 dias. Há uma perspectiva de reajuste de farinha de trigo entre 5% e 10% nos próximos 60 dias ? afirma Christian Mattar Saigh, vice-presidente do Sindustrigo.
Já as panificadoras descartam, pelo menos por enquanto, reajuste no preço do pão.
? Os reajustes de preços já foram realizados por parte da indústria de panificação, no preço do pão, principalmente. Então, nós não entendemos que existe ambienta para subir o trigo, porque não existe ambiente para subir o preço do pão ? afirma Márcio Rodrigues, consultor técnico da Associação Brasileira da Indústria de Panificação (Abip).