Prejuízo com suspensão de exportações de suco de laranja para EUA pode chegar a US$ 60 milhões

Estimativa é do presidente da CitrusBR, Christian Lohbauer, que diz que substituição do carbendazim é a saída para manter vendasA suspensão das exportações brasileiras de suco de laranja para os Estados Unidos deve se estender pelos próximos sete meses, causando um prejuízo entre US$ 50 e US$ 60 milhões. Representantes de entidades do segmento não esperam mais uma mudança na política norte-americana que fixa em, no máximo, 10 partes por bilhão (ppb) os resíduos do fungicida carbendazim no produto e orientam a substituição do defensivo agrícola nos pomares do Brasil.

De acordo com o presidente-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Christian Lohbauer, o segmento decidiu pela suspensão do uso do carbendazim por avaliar que a medida seria mais viável e barata para preservar o mercado dos EUA, importante para o Brasil em tempos de crise na Europa. A opção de levar o caso para análise da Organização Mundial do Comécio foi descartada.

– O setor de suco não está precisando de problemas. É um mercado que não cresce há mais de 10 anos – completa.

As indústrias de insumos já estão eliminando o tiofanato metílico, substância cujo resíduo é o carbendazim. Para o presidente do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), Lourival Carmo Mônaco, os produtores devem procurar alternativas de defensivos agrícolas.

– Podemos discutir com fabricantes de insumos a diminuição de preços. Entretanto, a prática de substituição de produtos não é uma novidade – defende Mônaco ao falar de um possível aumento nos custos da citricultura.

Em entrevista ao Bom Dia Campo desta terça, dia 14, Christian Lohbauer assegurou que a rejeição dos Estados Unidos ao suco de laranja brasileiro é fruto de uma questão legal, e não sanitária. Lohbauer explica que a lei do país considera a análise residual do produto importado descarregado, e não consumido. De acordo com ele, as análises não consideram a concentração. Os técnicos procuram resíduos abaixo de 10 ppb no produto que, por ser concentrado, apresentará índices entre 50 e 60 ppb.

Reflexos econômicos

Atualmente, 12 cargas estão retidas nos Estados Unidos, totalizando entre 15 e 20 mil toneladas de suco, de acordo com estimativas da CitrusBR. Parte do suco que seria destinado ao país, mas que ainda não saiu do Brasil, não será contabilizada nos prejuízos. As cargas que estão no porto de Santos devem ser renegociadas com outras partes do mundo. O produto que foi rejeitado nos Estados Unidos deve ser exportado novamente. No entanto, Lohbauer sinaliza uma possível depreciação dos preços.

– O problema é que a parte que já foi exportada para os EUA, e está lá à espera, sofre uma depreciação de preço. Já se percebe uma queda de consumo nos Estados Unidos e isso reflete em outros mercados. O consumidor cria uma imagem negativa do produto. Já percebemos que houve efeito na Austrália e na Europa – alerta.

> Saiba mais

A Fundecitrus ministra palestras sobre o uso de defensivos e presta consultoria a produtores. Interessados podem tirar dúvidas sobre a substituição do carbendazim atráves de uma linha aberta pela entidade.

O telefone é 0800 11 21 55

Veja as entrevistas de Christian Lohbauer e Lourival Carmo Mônaco ao Bom Dia Campo desta terça, dia 14