Preservar as tecnologias é um compromisso de todos na agropecuária. Da pesquisa ao produtor rural, pasando pelas instituições ligadas ao campo e também pelas agroindústrias. Por tal razão, essa preocupação marcou a edição deste ano da Expodireto Cotrijal, realizada em Não-Me-Toque (RS).
O tema esteve presente, por exemplo, no estande do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O chefe da divisão de Tecnologia da entidade, João Augusto Telles, montou com sua equipe um painel para desenvolver uma brincadeira onde os participantes tinham que responder questões sobre o campo.
Mais de 500 perguntas envolvendo gestão da propriedade, agricultura de precisão, produção de leite faziam parte da lista. Foi a forma encontrada pelo Senar para estimular a troca de experiências entre técnicos e produtores e divulgar os cursos da instituição. Tudo para aumentar a eficiência no campo com melhor uso das tecnologias.
“Hoje vemos uma propaganda contra os agroquímicos, e isso nos preocupou e acendeu uma luz vermelha. Nós temos que capacitar o produtor e mostrar a melhor maneira dpara cuidar aplicação, da carência de produtos”, diz Telles. O Senar do Rio Grande do Sul capacitou 160 mil pessoas em 2016 em cursos e seminários desenvolvidos durante o ano.
Informação, equipamentos e acesso às tecnologias são fundamentais para a tomada de decisão do produtor, diz o engenheiro agrônomo Júlio Lourenço, com quase 30 anos de experiência na indústria. Mais que contar com novidades em termos de produtos, a preocupação de todos os envolvidos na cadeia de produção deve ser com a eficiência dos que estão disponíveis hoje. A associação de princípios ativos e a rotação de produtos diminuem a possibilidade de perdas de eficiência.
“Está todo mundo preocupado não é com o hoje. A gente quer saber o que a gente vai fazer pra soja nos próximos cinco, dez anos”, aponta Lourenço.
Ele diz que a boa safra prevista para o Brasil não vai ocorrer apenas como efeito do clima. As chuvas foram regulares, e as lavouras agora prometem produtividades acima das médias de anos anteriores. Mas foi também uma temporada marcada por uma mudança de comportamento do produtor rural, acredita o agrônomo Lourenço. Ele espera que essa seja a tendência para o futuro.
“Na maioria das áreas, a situação das lavouras deve-se ao fato de que o produtor entrou mais cedo, observou os intervalos de aplicação, rotacionou produtos dentro da lavoura. Buscou o que tivesse o melhor apelo, o melhor fit técnico e também associou alguns protetores. Precisamos de lavouras sustentáveis, economicamente viáveis”, diz .