Presidente da Abipecs diz que Brasil joga para empatar na Rodada Doha

Pedro de Camargo Neto avalia que avanços em Genebra devem ser tímidosO presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, previu resultados tímidos para as negociações da Rodada Doha, que são realizadas em Genebra, na Suíça. Ele culpou o próprio governo brasileiro pelo modo como a agricultura vem sendo tratada nas rodadas de conversas entre líderes internacionais.

Em entrevista ao Mercado e Companhia, nesta quinta-feira, dia 24, Camargo Neto disse que o Brasil “joga para empatar”.

– A estratégia brasileira não teve a ousadia, a prioridade de defender uma postura mais pró-ativa da agricultura brasileira.

O presidente da Abipecs disse que, de qualquer forma, negociar regras de comércio é importante. Avaliou que, nos últimos 50 anos, as negociações foram contra a agricultura brasileira e defendeu que os acordos a serem fechados em Genebra devem ser cumpridos.

Camargo Neto criticou também o Ministério das Relações Exteriores, dizendo que a pasta adota uma estratégia de negociação “difícil de entender”. Para ele, a prioridade do Itamaraty na Rodada Doha não é negociar acordo de comércio, muito menos na área agrícola.

– O Itamaraty toma a posição dele. Reparem que, nessa rodada, não estão nem o ministro da Agricultura nem o da Indústria e Comércio estão lá.

O último sucesso relevante da diplomacia brasileira, na opinião do presidente da Abipecs, foi o acordo para a formação do G20, grupo que reúne os países em desenvolvimento e tem o Brasil entre os principais líderes.

Eleição nos EUA

Pedro de Camargo Neto disse que o fato dos Estados Unidos estarem em um período pré-eleitoral também tem influência no ritmo das negociações. Acrescentou que os dois candidatos à presidência, John McCain e Barak Obama, têm posicionamentos divergentes em relação ao comércio internacional.

Além disso, de acordo com o presidente da Abipecs, há outros impasses políticos internos. O atual governo dos Estados Unidos tem dificuldades para aprovar no Parlamento do país acordos de livre comércio com relevância bem menor que a Rodada Doha.