Em entrevista ao Mercado e Companhia, nesta quinta-feira, dia 24, Camargo Neto disse que o Brasil “joga para empatar”.
– A estratégia brasileira não teve a ousadia, a prioridade de defender uma postura mais pró-ativa da agricultura brasileira.
O presidente da Abipecs disse que, de qualquer forma, negociar regras de comércio é importante. Avaliou que, nos últimos 50 anos, as negociações foram contra a agricultura brasileira e defendeu que os acordos a serem fechados em Genebra devem ser cumpridos.
Camargo Neto criticou também o Ministério das Relações Exteriores, dizendo que a pasta adota uma estratégia de negociação “difícil de entender”. Para ele, a prioridade do Itamaraty na Rodada Doha não é negociar acordo de comércio, muito menos na área agrícola.
– O Itamaraty toma a posição dele. Reparem que, nessa rodada, não estão nem o ministro da Agricultura nem o da Indústria e Comércio estão lá.
O último sucesso relevante da diplomacia brasileira, na opinião do presidente da Abipecs, foi o acordo para a formação do G20, grupo que reúne os países em desenvolvimento e tem o Brasil entre os principais líderes.
Eleição nos EUA
Pedro de Camargo Neto disse que o fato dos Estados Unidos estarem em um período pré-eleitoral também tem influência no ritmo das negociações. Acrescentou que os dois candidatos à presidência, John McCain e Barak Obama, têm posicionamentos divergentes em relação ao comércio internacional.
Além disso, de acordo com o presidente da Abipecs, há outros impasses políticos internos. O atual governo dos Estados Unidos tem dificuldades para aprovar no Parlamento do país acordos de livre comércio com relevância bem menor que a Rodada Doha.