Presidente da Funai diz que preocupação com ação do órgão em MS é desinformação

Marcio Meira negou vistorias de propriedades e demarcação de terras no Estado e informou que estão sendo feitos apenas estudosO presidente da Funai, Márcio Meira, negou que estejam sendo feitas vistorias em propriedades rurais para a demarcação de territórios indígenas em Mato Grosso do Sul. Segundo ele, a preocupação gerada em torno do tema é fruto de desinformação do setor produtivo no Estado. Meira pediu tranqüilidade aos agricultores.

? Não estamos promovendo demarcação de nenhuma área nem vistoria de propriedade privada em Mato Grosso do Sul ? disse ele ao Estúdio Rural nesta terça, dia 26.

E acrescentou:

? Nenhum produtor deixe de produzir. Continuem produzindo, procure o seu incentivo, não deixe de trabalhar.

O presidente da Funai informou ter conversado com o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, e com parlamentares estaduais. Informou que irá ao Estado em duas semanas para novos encontros com o governador.

? O agricultor que foi para o Mato Grosso do Sul, não foi de má-fé. Foi levado pelo próprio Estado. E os índios, que estavam lá, o próprio Estado deveria protegê-los. Há direitos dos dois lados que precisam ser preservados ? analisou.

Márcio Meira garantiu que a missão que recebeu do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva é encontrar uma solução pacífica para a situação. E negou que a Fundação Nacional do índio esteja contra o setor produtivo nem quer criar conflito.

? Queremos dar uma solução para uma situação grave, difícil para os índios guarani-kaiowaá em Mato Grosso do Sul. Não é com relação todos os índios.

De acordo com Márcio Meira, a situação envolve a região sul do Estado, abrangendo mais de 20 cidades que, segundo ele, estão na área onde vivem os indígenas. O presidente da Funai explicou qual é a dificuldade enfrentada pela etnia guarani-kaiowaá no local.

? A população deles cresceu, eles vivem até confinados em pequenos lotes, às vezes em beira de estrada ? disse Mário Meira, que ocupa a presidência da Funai há cerca de um ano e meio.

Meira reconheceu, por outro lado, que a falta de aparelhamento da própria Funai em Mato Grosso do Sul é um problema que ajudou a aumentar a vulnerabilidade dos índios. E garantiu ter realizado investimentos para fortalecer a atuação do órgão a região.

? Espero que essa relação [entre produtores e indígenas] seja pacífica. Como vamos resolver isso? É um trabalho de operação plástica, de uma engenharia muito cuidadosa, porque, de qualquer forma, temos de encontrar uma solução para os índios em termos de terras. O problema deles também é de terras.

O presidente da Funai, Márcio Meira, informou ainda que uma ação semelhante vem sendo realizada no Estado de São Paulo, onde, segundo ele, também há índios guaranis em situação de vulnerabilidade. E revelou ter recebido apoio do governo estadual.

? Os estudos têm a função de ir à comunidade, entender a necessidade de terras daquele povo para sua sobrevivência física e cultural conforme seus usos e costumes ? explicou.