Em declarações a jornalistas, Lula lembrou que durante, “um ano e meio”, conversou pessoalmente com todos os líderes mundiais sobre a necessidade de uma reunião política do mais alto nível para salvar a Rodada de Doha, que finalmente se deu por encerrada na terça-feira em Genebra sem acordo.
Ele afirmou que o “Brasil fez o que podia e o que não podia para buscar um acordo em favor dos países de economias mais frágeis”, que, no último momento, fracassou “por fatores políticos”, entre os quais citou as eleições nos Estados Unidos e na Índia. No entanto, afirmou que “a negociação ainda não acabou”, mas apenas “deu uma pausa para a reflexão” e insistiu em que agora “não são necessários mais os técnicos”, mas sim é preciso saber o que “sentem os presidentes”.
Para Lula, os países menos desenvolvidos “fizeram todas as concessões que tinham que fazer” nas negociações, mas, em sua opinião, não aconteceu o mesmo com os mais ricos. O presidente citou o exemplo dos Estados Unidos, que, atualmente, concedem a seus agricultores subsídios de US$ 7 bilhões, “e ofereceu ‘reduzi-las’ a US$ 14 bilhões”, em um exercício matemático que disse ser “muito difícil de entender”.
Lula afirmou ainda que “a luta dos países mais pobres pelo fim dos subsídios” agrícolas “não terminou” e que as nações continuarão “empenhadas na liberalização do comércio” global. Além disso, ele manifestou sua “frustração” com o fracasso da Rodada de Doha e pelo fato de que “tenha sido perdida uma oportunidade extraordinária” para conseguir um “comércio mais justo” no mundo.
O presidente ainda negou que exista mal-estar nas relações com a Argentina pelas diferentes posições que ambos os países adotaram em Genebra. “Cada Estado defende sua soberania”, disse Lula, ao desmentir que as divergentes posturas de Argentina e Brasil nos lances finais da Rodada de Doha tenham gerado tensões nas relações bilaterais.
Costa Rica
O presidente da Costa Rica, Óscar Arias, considerou “lamentável” a decisão da União Européia (UE) de desconhecer o acordo sobre as tarifas da banana e qualificou o ato como outra mostra da “hipocrisia” dos países ricos.
? É muito lamentável que, após ter sido alcançado um acordo, uma das partes desconheça o estipulado ? disse Arias em Brasília, onde começou uma visita oficial que termina na sexta-feira.
Arias assegurou que a Costa Rica e os outros produtores insistirão “em que se respeite o estipulado” e não descartou a possibilidade de que entre com um requerimento perante a Organização Mundial do Comércio (OMC).