Para Fonseca e Castro, houve uma volta ao passado, com risco de desindustrialização, com o aumento do peso das commodities na pauta de exportações brasileira em detrimento de produtos manufaturados.
? Tende a se achar que a commodity é desindustrialização, o que não é verdade. Para um grão de soja é preciso uma quantidade imensa de máquinas, químicas, processamento ? exemplificou Jank.
Segundo ele, não há sinais de desindustrialização e o Brasil está indo apenas na direção de sua vocação e do que é esperado do país. Ele afirma que houve uma mudança de cenário nos últimos quatro, cinco anos e que o mundo quer hoje produtos básicos.
? Ninguém vai deixar de comer ? disse Jank.
Para Giannetti, a defesa de incentivos à exportação de commodities não deve ocorrer em detrimento do incentivo à exportação de manufaturados. O economista defendeu que as duas questões não são conflitantes.
? A gente não pode olhar para o Brasil com a dimensão territorial, populacional, com as questões sociais que tem, e pensar que a gente vai continuar exportando soja em grão, ao invés de óleo e farelo, exportando algodão em vez de vestuário, carne in natura ao invés de cortes especiais embalados. O mesmo serve para a área de minério. O Brasil tem que exportar valor agregado. Não é uma coisa contra a outra, é a commodity mais o produto manufaturado ? afirmou Giannetti.
Jank respondeu afirmando que adicionar valor agregado aos produtos é uma meta, mas nem sempre leva à lucratividade. Ele explicou que a indústria de commodities é altamente desenvolvida em tecnologia e que, por distorções da cadeia produtiva, é muitas vezes mais lucrativa do que a indústria da transformação.
? A Vale ganha muito dinheiro com minério de ferro e logística, mas talvez não ganhasse tanto com o aço, porque há excedente no mundo. Há distorções que beneficiam o produto básico. O manufaturado nem sempre é tão lucrativo ? completou.