– As relações benefício-custo para as situações de prevenção e controle são significativamente superiores, comparadas às do cenário do cancro em plena expansão (sem controle) quando se consideram mais anos de vida para o pomar, de modo que os ganhos da política de defesa fitossanitária são mais claros em uma análise de médio e longo prazos – destaca Sanches.
No acumulado de cinco anos, a prevenção ao cancro cítrico evita perdas no valor de R$ 1,61 para cada R$ 1,00 investido. Em 20 anos, essa relação benefício-custo passa para R$ 12,82. Já no cenário em que 90% dos talhões contaminados não são erradicados, a relação é de menos R$ 0,23 em perdas evitadas para cada R$ 1,00 investido no manejo, no acumulado de 5 anos, e de R$ 0,35, em 20 anos. Os resultados indicam, ainda, que a diferença entre a produção na situação em que o parque investe na prevenção ao cancro e a situação em que a doença se expande sem controle aumenta significativamente ao longo do tempo. Essa diferença, no acumulado de cinco, 10, 15 e 20 anos, é de cerca de 17,8; 113,3; 322,8 e 611,7 milhões de caixas, respectivamente, em favor do cenário de prevenção.
– Estes resultados [em termos de redução na produção] não consideram o fato do cancro causar prejuízos ainda mais drásticos quando parte das frutas produzidas é destinada ao mercado de mesa e não apenas ao industrial. Ressalta-se que o cancro cítrico compromete a comercialização da fruta, pois além de impedir o transporte, afeta significativamente sua qualidade – lembra o economista.
Prevenção
O estudo contribui para a definição da estratégia adotada pela iniciativa privada quanto à prevenção e controle da doença já que os impactos econômicos, embora medida durante a análise apenas no segmento de produção agrícola, tendem a se disseminar ao longo da cadeia produtiva, atingindo a indústria processadora, a de insumos e consumidores domésticos e internacionais.
– Os resultados corroboram as vantagens econômicas de manter o cancro cítrico sob controle no Estado de São Paulo. No médio e longo prazos, a escolha do setor como um todo, de investir no controle e, principalmente, na prevenção à doença é financeiramente melhor comparada à opção de apenas um percentual do parque citrícola fazer o controle, e mesmo melhor do que a opção pelo convívio com a doença, como ocorre no Paraná – aponta o pesquisador.