Previsão de seca em outubro traz preocupação para produtores de Mato Grosso

Alguns produtores semearam apenas uma pequena parte de suas áreas e irão aguardar as chuvas para terminar os trabalhos

Pedro Silvestre, de Tapurah (MT)
A previsão de estiagem em outubro preocupa parte dos produtores de soja de Mato Grosso. O plantio da soja por lá segue em ritmo acelerado, tanto que o ritmo de trabalho supera a média dos últimos cinco anos. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), desde o início do plantio quase 415 mil hectares já foram semeados no estado.

Já tem soja germinada na fazenda do produtor João Luiz Lazarotto. Ele iniciou o plantio da safra no dia 16 de setembro, já que dois dias antes havia caído uma chuva generosa na propriedade, favorecendo a semeadura e o planejamento da temporada.

“Esse ano foi abençoado, com bom índice volumétrico em setembro, de mais de 80 milímetros na área. Com um chão bem molhado a sojinha já está para fora da terra e vindo com gás. Então apostamos na safrinha de algodão que iremos plantar em cima. O ano promete ser muito bom”, diz.

A boa umidade do solo deu ritmo ao trabalho das plantadeiras. Quase 20% dos 10,2 mil hectares destinados à cultura nesta safra já foram semeados. E a previsão é concluir o cultivo na segunda quinzena de outubro. Sobre os resultados o clima também é de otimismo. A perspectiva é superar a produtividade do ciclo passado.

“Quanto mais melhor, né. No ano passado já foi uma média muito boa, em torno de 60 sacos por hectare e todo ano estamos aumentando. Vamos torcer para que passe dos 60 sacos a média geral”, afirma Lararotto.

Apesar de a expectativa positiva, a previsão de um outubro de poucas chuvas em Mato Grosso deixa o produtor apreensivo. “Isso preocupa todo mundo. A produção pode ser afetada. Mas vamos ser otimistas que as previsões estejam um pouco erradas. Não estamos pensando em replantio, vamos rezar para que dê certo e seja um ano abençoado”, conta o produtor.

O produtor Silvésio de Oliveira também está preocupado com as previsões de estiagem no na segunda quinzena de outubro. Na fazenda dele, 200 dos 2,4 mil hectares já foram semeados. Mas para não correr riscos com a falta de chuvas nas próximas semanas, decidiu interromper os trabalhos.

“O nosso histórico de produtividade mostra que as primeiras lavouras plantadas são as de melhor produtividade, então a gente tem que aproveitar o fim do vazio sanitário para plantar o mais rápido possível, mas também temos que nos atentar a umidade, para que a soja germine. Plantamos 20% da área e paramos para aguardar a próxima chuva e quando vier, força total”, diz Oliveira.

Segundo o Sindicato Rural de Tapurah, em Mato Grosso, os produtores já plantaram quase 10% dos 210 mil hectares destinados ao cultivo de soja no município. O presidente Carlos Belló explica que as chuvas estão irregulares este ano e que é preciso ter cautela para evitar prejuízos nesse início de safra.

“Tem lugares com 80 milímetros acumulados, outros com 30 mm, a chuva não está uniforme. Acho que temos que ir com precaução, porque os insumos estão muito caros para arriscar perdê-los. Temos que ter uma garantia e esperar mais um pouquinho. Melhor plantar quando tiver umidade boa, porque aí se tem certeza que essa semente vai germinar”, diz Belló.

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