Depois de várias semanas com chuva forte, a precipitação finalmente enfraquece na região Sul. Além disso, a previsão de ventos de norte e temperaturas mais elevadas que o normal ajudam a diminuir a umidade do solo e a retomada ou aceleração de atividades de campo como o plantio do trigo no Rio Grande do Sul e colheita do milho safrinha no Paraná. No sul gaúcho, porém, a chuva será mais intensa, com acumulados de 20 a 30 milímetros.
O tempo também permanecerá seco em boa parte do Sudeste, Centro-Oeste e Matopiba (região que compreende o Tocantins e áreas dos estados do Maranhão, Piauí e Bahia), favorecendo a colheita de café, milho safrinha, laranja, cana-de-açúcar e algodão, além de hortifrútis.
Ao longo da costa, desde o Espírito Santo até o Maranhão, há previsão de chuva frequente, que alcança o café conilon do Espírito Santo e Zona da Mata de Minas Gerais; cacau e pastagens do sul da Bahia; feijão e milho da região chamada de Sealba (áreas de Sergipe, Alagoas e Bahia); e cana-de-açúcar de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. No litoral capixaba, espera-se algo entre 30 e 40 milímetros, mas a costa do Nordeste receberá mais de 50 milímetros.
A partir de meados da semana que vem, uma frente fria levará chuva forte ao Centro-Sul novamente. O acumulado passa de 50 milímetros no Rio Grande do Sul e o Paraná, além dos portos de Santos e Paranaguá. A chuva alcançará também partes de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e café do sul de Minas Gerais.
Apesar do início de semana com frio no Sul e no Sudeste, a temperatura acima da média predomina no Brasil nesta semana. A próxima queda acentuada de temperatura é esperada somente para os últimos dias de junho e, mesmo assim, não alcança áreas produtoras vulneráveis.
Chuva registrada
Nos últimos sete dias, a chuva mais intensa se concentrou entre o Rio Grande do Sul e o sul do Paraná, leste e norte do Nordeste e norte da região Norte. No oeste de Santa Catarina, houve registro da passagem de um tornado pelo município de Descanso, e o acumulado de chuva em Chapecó alcançou 250 milímetros em apenas uma semana, valor 60% maior que o normal para todo o mês de junho.
Há mais de um ano que não chovia dessa forma na região, motivo pelo qual não apenas o oeste catarinense, mas todo o estado, ainda passa por uma estiagem severa. Somada toda a chuva entre junho de 2019 e junho de 2020, o acumulado alcançou apenas 70% do normal. No Sudeste, embora a chuva tenha sido bem mais fraca, ela atrapalhou a secagem de café na Mogiana e sul de Minas Gerais. A região recebeu até 35 milímetros na semana passada.
Nas últimas 24 horas, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) registrou chuva de pouco mais de 120 milímetros em Rio Formoso (PE), 40% da média histórica de junho. O município é o nono em produção de cana-de-açúcar no estado, com pouco mais de 475 mil toneladas produzidas em 2018, último ano disponível no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As mudanças de temperatura estão impactando algumas culturas de hortifrútis. A alface no estado de São Paulo, por exemplo, vem sofrendo com maior incidência de doenças por conta do frio. No interior do país, o frio não chegou e a temperatura está acima da média histórica maturando mais rapidamente a lavoura de tomate.
Além de tudo, não chove intensamente sobre o centro do Brasil há pelo menos 30 dias. Com isso, a colheita de algumas culturas avança rapidamente, casos de cenoura e cebola, segundo dados da HF Brasil. O tempo seco também ajuda a colheita de milho safrinha, cana-de-açúcar, café, algodão e laranja.