Bahia

Principais culturas superam desafios e registram bons resultados na Bahia

Apesar da redução de área e aumento de custos de produção, o agricultor do estado teve resultados melhores do que o previsto

Um ano de superação de desafios e conquista de resultados acima do previsto. Essa é a avaliação feita pelas entidades representativas do agro na Bahia.

“O balanço é muito positivo. Em relação ao crescimento da área, tivemos em torno de 4,5% para a soja; praticamente 9% para o algodão; e em torno de 8% no milho”, conta o diretor-executivo da Associação dos Agricultores e Irrigantes do estado (Aiba), Alan Malinski.

Celeiro produtivo de grãos da Bahia, o oeste do estado também sofreu com os efeitos adversos da estiagem, como em algumas outras áreas do Centro-Sul. Mas a região manteve o padrão de crescimento da produtividade em todas as principais culturas.

De acordo com o último boletim da safra divulgado pela Aiba, a produção da soja alcançou 7,447 milhões de toneladas, enquanto do milho foram registrados 2,832 milhões de toneladas. Já no algodão, os dados indicam 1,274 milhão de toneladas.

“A soja praticamente repetiu a produtividade da safra anterior, de 67 sacas por hectare. Além disso e do incremento de área, o produtor conseguiu aproveitar momentos de comercialização, o que representa uma boa rentabilidade”, afirma Malinski.

Ainda de acordo com a entidade, houve um aumento de custo em torno de 50% em relação ao ano anterior, e os preços da soja tiveram uma queda. “O plantio iniciou muito bem, com chuvas regulares. Tivemos muito poucos casos de situação de replantio. Então isso tudo acaba deixando o cenário geral bastante positivo”, analisa o diretor.

Algodão sofre queda na produtividade

Já para o “ouro baiano”, o algodão, o desafio em 2022 foi ainda maior. A redução da área plantada e o aumento dos custos no estado que é o segundo maior produtor no país encontraram a resiliência do cotonicultor. A média alcançada foi de 275 arrobas por hectare neste ciclo, uma redução frente às 300 arrobas previstas.

“O plantio iniciou em dezembro do ano passado, com bastante chuva. No decorrer da cultura o clima andou muito bem, mas no final tivemos uma redução de chuvas, principalmente na fase reprodutiva, e isso resultou em uma redução de produtividade em torno de 11%”, conta o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Luiz Carlos Bergamaschi.

Apesar do clima, o dirigente garante que a qualidade da fibra baiana se manteve uma referência internacional.

“A safra 2023 traz uma dificuldade além, pelos custos mais altos, pela diminuição dos preços por conta do cenário global de recessão que nós tivemos, pela diminuição da demanda. E isso tudo o produtor terá que gerenciar. Nesse sentido, uma das opções que o produtor tem é baixar custo e aumentar a produtividade para que essa conta feche. Ou seja, produzir com maior eficiência”, diz Bergamaschi.

Agro mantém forte participação na economia da Bahia

Os investimentos em infraestrutura e incentivos aos grandes e aos pequenos produtores continuaram impulsionando o agronegócio baiano, responsável por 24% do PIB do estado. De acordo com a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), em 2022, 33% dos empregos gerados no estado foram oriundos do setor.

O atual secretário de Agricultura, Leonardo Bandeira, destaca as características e potencialidades de todas as regiões produtivas como uma das vantagens do estado. “No oeste, por exemplo, temos os grãos em destaque, onde o governo trabalha em parceria com os produtores, ajudando na prospecção de novos negócios e também no incentivo através de programas como o Prodeagro”, afirma.

O Programa para o Desenvolvimento da Agropecuária, ao qual Bandeira se refere, é um incentivo fiscal revertido para diversas áreas, sobretudo a infraestrutura.

“Nós temos também o Proalba, que ajuda muito o algodão nessa questão da busca por novas tecnologias. Logo após a pandemia, quando pensamos já ter atravessado o pior momento, enfrentamos as consequências da guerra [entre Ucrânia e Rússia], que afeta de forma geral a agricultura por conta dos insumos agrícolas. Mesmo assim, conseguimos bater recordes de produção e recordes na balança comercial”, afirma o secretário.

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