Principal região produtora de trigo argentina reduzirá área cultivada em 47% na safra 2012/2013

Segundo produtores, plantio menor ocorre devido às dificuldades comerciaisA área cultivada com trigo na principal região produtora da Argentina deve recuar até 47% na safra de 2012/2013 ante 2011/2012, aponta levantamento da associação Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola (Crea). O Crea reúne cerca de duas mil empresas agropecuárias em 16 províncias do país, que respondem por 500 mil hectares de trigo e concentram a produção no país.

Dos produtores ouvidos, 40% atribuíram o plantio menor às “dificuldades comerciais” geradas por seguidas intervenções governamentais no mercado do cereal, enquanto 26% reclamaram da “margem de lucro pouco atraente” e outros 20% apontaram “baixos preços”. A mais recente projeção do Ministério de Agricultura, considerando a totalidade da área de cultivo no país, apontou para um plantio de quatro milhões de hectares, queda de 15% ante os 4,6 milhões da safra 2011/12.

Segundo o Crea, a maior queda na área com trigo deve acontecer em Córdoba, La Pampa, San Luis, centro e norte e Santa Fe, centro de Buenos Aires, Tucumán e Salta, “com porcentuais superiores a 40%”. No sul, leste, oeste e norte da província de Buenos Aires, sul de Santa Fe e Entre Rios, a expectativa é de queda de 20%. As menores reduções vão ocorrer em Santiago del Estero e Chaco, províncias que não possuem tradição de cultivo do cereal.

“Grande parte da superfície que deixará de ser cultivada com trigo será ocupada pela cevada, acentuando o comportamento de safras anteriores”, ressaltou o documento distribuído nesta quarta, dia 06. A área cultivada com cevada deve crescer de 14% a 20%.

Segundo os técnicos do Crea, a pesquisa mostrou a ligação entre queda da intenção de plantio e as distorções do mercado, provocadas pela intervenção oficial que já dura mais de cinco anos.

“Este processo faz com que os produtores olhem o cereal com desconfiança porque nas últimas safras não puderam vendê-lo quando necessitaram ou tiveram que aceitar preços muito baixos, o que provocou impactos negativos em seus resultados”, afirmaram no documento.
 
O Crea enfatiza a importância do plantio de trigo na rotação de culturas para aproveitamento de insumos e fertilização do solo. Devido aos preços atraentes e maior liquidez do mercado, “a balança na Argentina se inclinará para a soja“, diz o organismo.

Para o Crea, esse “novo comportamento vai repercutir negativamente na cadeia de fornecedores de insumos e serviços das comunidades e reduzirá o movimento econômico habitual associado ao cultivo de trigo”.