Problemas com logística devem afetar preço da soja aos produtores

Especialistas apontam que uma parte da renda do setor será direcionada ao pagamento da ineficiência da logística brasileiraAs exportações de soja fecharam o mês de fevereiro com queda tanto em volume quanto em receita. Mesmo diante do cenário, especialistas do setor estimam que 2013 deva fechar com recorde nos embarques da oleaginosa. A grande preocupação, no entanto, é em relação à logística, que pode afetar os preços aos produtores.

O Brasil embarcou quase 960 mil toneladas de soja em grão no mês passado, o que representa um queda de 35,4% na comparação com fevereiro de 2012. Atraso no plantio e na colheita, problemas com o clima e o aumento dos embarques de milho são apontados como responsáveis pela queda das exportações.

– A gente tinha muito milho para exportar ainda. A exportação comercial ficou acima de 22 milhões de toneladas. Por dificuldades logísticas, de embarque, sobraram ainda 1,5 milhão de toneladas de milho para exportar – afirma o analista de mercado Bruno Perottoni.

Segundo ele, o panorama deve começar a mudar já a partir deste mês.

– Boa parte da safra da soja está chegando aos portos para ser exportada. E o movimento daqui para frente vai só aumentar.

O secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fabio Trigueirinho, garante que, neste ano, o Brasil será o principal exportador mundial, com 38,5 milhões de toneladas de grãos, 15 milhões de toneladas de farelo e 1,7 milhão de toneladas de óleo para embarcar.

Da safra recorde de 85 milhões de toneladas de soja, 40% já foi colhida. Nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP)o intenso movimento de caminhões e navios já pode ser percebido e a falta da infraestrutura adequada deve afetar os produtores rurais mais uma vez.

– Hoje, quase 200 navios aguardam embarques de soja no Brasil. Já começou a se formar aquela fila e a questão logística começa a ‘pegar’. Isso vai impactar os preços ao produtor pela questão do prêmio – analisa Perottoni.

De acordo com Trigueirinho, o ano poderia ter sido muito mais satisfatório para a cultura se não fosse o alto custo cobrado pela ineficiência logística.

– Este ano não tem muito mais remédio. A situação da logística está dada, nós temos agravante da nova regulamentação da profissão do motorista. Então, vai ser um ano de abundância de produção, preços excelentes e custos de logística extremamente altos, estratosféricos. Uma parte da renda do setor só vai ser transferida para pagamento da ineficiência da logística. Nenhum país consegue conviver com essa situação – afirma o secretário da Abiove.

A duplicação da BR-163, principal rota de saída da soja produzida em Mato Grosso, e os investimentos em portos da Região Norte são apontados como essenciais para diminuir os problemas de logística.

– Está na hora de tomar vergonha na cara e acabar com esta situação caótica e programar melhorias para escapar desta armadilha. Se não, daqui a pouco, baixa o preço e nós não vamos conseguir produzir nem milho, nem soja, porque com este nível de custo de logística, estamos perdendo muito dinheiro – acrescentou Trigueirinho.

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