Segundo ele, problemas sociais e ambientais causados pela produção do álcool diminuem o incentivo à expansão das lavouras de cana-de-açúcar pelo mundo e, conseqüentemente, atrasam a criação de um mercado global do etanol.
? A expansão do etanol depende da disseminação de um método produção que não desejável ? afirmou Abramovay, em entrevista à Agência Brasil.
Organizador do livro Biocombustíveis ? A energia da controvérsia, o pesquisador ressaltou que, apesar dos benefícios ambientais trazidos pelo uso do etanol como combustível, grande parte do álcool brasileiro é produzido em latifúndios, utilizando-se de mão-de-obra precária e de queimadas durante a época de colheitas.
Além disso, conforme destaca o último relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre os trabalhadores envolvidos em denúncias de escravidão 36% estavam nas lavouras de cana-de-açúcar.
Para Abramovay, enquanto não for comprovado que é possível produzir etanol de forma mais sustentável, o mercado do produto não vai deslanchar.
? O mundo não vai abandonar o petróleo para adotar um produto que só é exportado pelo Brasil e pelos Estados Unidos. E o fato é que o etanol não será produzido em vários países enquanto mantiver esse modo produção ? disse o pesquisador.
Para o professor, a única alternativa de internacionalização do etanol é conjugar a sua produção com a geração de renda da população pobre que vive em áreas rurais, o que não acontece atualmente no Brasil. Abramovay acredita que só quando pequenos agricultores enxergarem no etanol uma forma de ganhar dinheiro é que o produto vai se tornar global.
No entanto, ele afirma que promover esta mudança não é impossível. Em alguns países, a cana já é cultivada de forma mais sustentável.
? A Índia é a maior produtora de cana-de-açúcar do mundo e lá a cana é produto de agricultura familiar ? explicou Abramovay.