Nos primeiros seis meses deste ano, foram firmados 9,7 mil contratos e apólices de seguro para as lavouras brasileiras. O número é quase três vezes maior do que o registrado no primeiro semestre de 2008. Segundo o Ministério da Agricultura, o motivo desse crescimento é a ajuda oferecida pelo governo para o agricultor pagar o prêmio à seguradora.
No caso do seguro para os cultivos de trigo e milho, o governo arca com 70% dos custos do serviço. Por exemplo, se o valor da lavoura é de R$ 100 mil, o governo paga R$ 70 mil e o produtor rural R$ 30 mil. De janeiro a junho de 2009, essa subvenção chegou a R$ 58 milhões, um aumento de 314% em comparação com o mesmo período do ano passado. Milho safrinha e trigo foram as culturas mais asseguradas.
Como o governo paga parte do seguro, o interesse do produtor rural aumenta a cada safra. Para este ano, o orçamento previsto em subvenções é de R$ 182 milhões, mas o Ministério da Agricultura solicitou ao Congresso Nacional uma verba suplementar de R$ 90 milhões. É que a procura pelo seguro aumenta ainda mais no segundo semestre por causa do plantio da safra de verão.
O governo, no entanto, reconhece falhas e promete melhorar o programa. Regiões de alta produtividade, principalmente no Centro-Oeste do país, não se interessam em dar uma cobertura para as lavouras, porque o seguro é feito com base na produtividade média divulgada pelo IBGE. Como esse número está desatualizado, as seguradoras oferecem uma cobertura aquém da necessidade do produtor.
? Não tem nenhum interesse do produtor em contratar esse seguro. É como se você comprasse um automóvel que custa R$ 50 mil e a seguradora te oferecesse cobertura para R$ 30 mil. Não iria te satisfazer. Pretendemos resolver com a melhora do índice de produtividade divulgado pelo IBGE ? disse o diretor do Departamento de Gestão de Risco, Welington Soares.
Para corrigir essa situação, o Ministério da Agricultura está contratando especialistas para desenvolver em seis meses um estudo que apontará diferentes faixas de produtividade para as regiões.
? Um estudo no sentido de com base no censo do IBGE de 2006 possa agregar em cada municípios agricultura familiar, agricultura empresarial, umas quatro ou cinco faixas de produtividade de forma que esses valores se aproximem muito daquilo que o produtor rural realmente consegue na lavoura ? acrescentou Soares.
Apesar de nunca ter sofrido uma frustração de safra, o presidente da Federação de Agricultura do Distrito Federal, Renato Simplício, não se descuida. Ele paga pelo seguro das lavouras de milho e soja há mais de 10 anos.
? Eu faço seguro porque eu quero dormir tranqüilo com relação a possíveis frustrações da safra. Espera-se que num futuro não muito longínquo nós possamos ter todas as nossas culturas, principalmente aquelas que correm mais risco tenham seguro ? concluiu Simplício.