O centro político brasileiro virou foco das atenções mundiais. E, desta vez, o motivo não foi a arquitetura delineada por Oscar Niemeyer, mas a tecnologia de ponta aplicada na zona rural. Brasília se transformou numa vitrine agrícola, onde países da África e da América Central encontram soluções para garantir a segurança alimentar dos seus povos.
? Em função da crise mundial, os demais países despertaram interesse em saber o que acontece no Brasil, qual a razão desse milagre, o que os brasileiros estão fazendo para obter tanto sucesso na agricultura ? explica Carlos César, diretor-executivo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF).
A Emater do DF recebeu, só neste ano, a visita de mais de 10 delegações. E nesta quarta, dia 25, foi a vez da República do Bênin, da África. A comitiva se encantou com as técnicas direcionadas principalmente ao pequeno produtor. Oitenta porcento das propriedades rurais da região possuem até 20 hectares.
? Esses produtores também utilizam ótimas tecnologias, pelo fato de nós termos os 3 centros da embrapa ao nosso redor, nós, técnicos da emater, podemos levar essa tecnologia ao pequeno produtor também ? afirma o técnico da Emater Ronaldo Triacca.
Os africanos conheceram métodos simples para o cultivo de grãos, técnicas que trouxeram otimismo aos visitantes. Em Bênin, cerca de quatro mil fazendas são de pequenos produtores e cada uma possui menos de dois hectares.
O embaixador Isidore Monsi afirma que a tecnologia brasileira é desenvolvida para o clima tropical, o que indica que pode ser implantada na África. Segundo ele, é preciso apenas adaptar esta forma de produzir à realidade do país.
Uma das técnicas que mais chama a atenção dos estrangeiros é a pastagem irrigada para gado leiteiro. Trata-se de um sistema que permite que pequenos produtores reduzam custos e aumentem a produção.
A comitiva se impressionou com uma fazenda de apenas 12 hectares do produtor rural Délseo Gomes de Matos, que há três anos aderiu ao projeto de irrigação.
? Na época, aqui era pastagem muito degradada, braquearia, e a produção baixa. Na época, tirava de produção de leite de 40 a 50 litros por dia ? relata Matos.
Com a novidade, o volume de leite chega agora a 240 litros diários. Idéias simples que trazem esperança a outros países e concretizam a idéia de o Brasil ser o celeiro do mundo.