A invasão chinesa obrigou muitos agricultores a desistir da atividade. Em duas décadas, cem mil empregos foram extintos no país – uma média de cinco mil por ano. Vagas ocupadas por gente simples, como o trabalhador rural Arnaldo Rodrigues, que saiu da Bahia em busca de uma oportunidade em Goiás – um dos principais pólos produtores ao lado de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
? É importante pra nós porque lá [na Bahia] não tem trabalho ? diz Rodrigues.
A venda do produto chinês por valores abaixo do custo de produção é combatida com a cobrança de uma sobretaxa de importação. Para cada caixa de dez quilos, o importador é obrigado a pagar cinco dólares e vinte cents. Mas a Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa) diz que só 23% dos compradores cumpriram a exigência durante os primeiros cinco anos da medida. Agora, o problema é o subfaturamento de mercadorias.
? Enquanto o alho é vendido a US$ 17, tem várias empresas que estão declarando cinco, seis, sete dólares. Essa falha da Receita Federal em coibir essa ação desleal por parte de alguns importadores tem expulsado essas pessoas simples, que precisam do emprego ? diz Rafael Corsino, presidente da Anapa. A Receita Federal não se pronunciou sobre o caso.
Prejuízo também para a saúde
Uma pesquisa da Embrapa em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) mostrou que o alho importado é de safras anteriores. O estudo revelou que, além de fresco, o produto brasileiro é mais saudável e ajuda a evitar doenças do coração.
? Combate o infarto agudo do miocárdio, principalmente para aqueles pacientes que tem o colesterol alto. E também ajuda a reduzir o colesterol ruim ? explica Leonora Mattos, pesquisadora da Embrapa.