? É uma fome que dói e mata ? afirmou nesta quinta, dia 14, o representante da entidade, Hélder Muteia. Segundo ele, até 2050, a população mundial deverá crescer dos atuais seis bilhões para nove bilhões de habitantes. Para que todos tenham acesso à comida, a oferta de alimentos precisa aumentar 70% nos próximos 40 anos.
Alcançar esse objetivo é um “grande desafio, mas não é impossível”, disse Muteia. Para ele, cada vez mais será exigido aumento de produção com menos investimentos. Ele alertou, no entanto, para a necessidade de um crescimento sustentado da produção de alimento, sob pena de o homem comprometer ainda mais o ecossistema.
? Com a pressa de produzir estamos degradando o meio ambiente e há uma utilização exagerada de agroquímicos, o que pode afetar a sustentabilidade ambiental. É importante ganhar dinheiro, mas é preciso pensar também nos valores, tanto em sustentabilidade social quanto ecológica ? ponderou o representante da FAO, defendendo a regulamentação do uso de produtos químicos na agropecuária.
Para ele, o Brasil pode ser um grande colaborador nessa tarefa de erradicar a fome no mundo, “não só por ter recursos naturais como solo e água, mas também pela sua capacidade técnica, exportando conhecimentos e experiências”. Na avaliação dele, a política do Programa Fome Zero, do presidente Lula, e a estabilidade econômica atingida desde a gestão anterior (de Fernando Henrique Cardoso) são políticas de êxito reconhecido internacionalmente.
Os grandes focos hoje de segurança alimentar, conforme observou, estão mais voltados para a região da África Subsariana e para alguns países da Ásia. De acordo com Muteia, entre 2009 e 2010, caiu o número estimado de famintos no mundo: de 1,023 bilhão para 925 milhões.
Ele advertiu, porém, que essa estimativa não leva em conta os impactos provocados pelas enchentes no Paquistão nem a estiagem prolongada que afetou a produção agrícola da Rússia.
Hélder Muteia participou do 2º Fórum Inovação: Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável, organizado pela FAO, Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).