Segundo estudo do Ministério da Agricultura, a produção de grãos no país deverá crescer 23% e chegar a 175,8 milhões de toneladas na safra 2020/2021. Quanto às carnes, bovina, suína e aves, a projeção é alta de 26,5%, acréscimo de 6,5 milhões de toneladas.
Crescimentos que devem ser acompanhados pelo Rio Grande do Sul, o terceiro maior produtor de grãos do país. No arroz, a alta pode chegar a 23,6%, enquanto que no trigo, a 20,6%.
Diante de um cenário de liquidez no campo, para o diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Antônio Pinazza, se torna imprescindível o debate sobre formas de conciliar essa equação.
Os caminhos em busca desse equilíbrio serão discutidos na Universidade de Passo Fundo (UPF), no Rio Grande do Sul, entre 12 e 14 deste mês, no evento Sistemas Integrados de Manejo na Produção Agrícola Sustentável e no Seminário Nacional para o Desenvolvimento do Agronegócio Sustentável.
Pinazza afirma que as mudanças climáticas, o aquecimento global e outros fatores mudaram a forma de se olhar para a agricultura, em especial quanto à preservação dos recursos naturais para as futuras gerações.
? Estamos diante de um enorme desafio. Há perspectiva de aumento brutal na demanda por alimentos até 2050, e o Brasil será um dos protagonistas. Será um dos cinco celeiros mundiais de exportação, mas o único em área tropical e com biomas diferenciados, o que exige boas práticas agrícolas ? afirma.
A respeito dos grandes desafios do Brasil, ele relata que a tendência é de aumento na área para agricultura e o desafio é ter equilíbrio ecológico.
? Se o Brasil tiver queimadas, desmatamentos e outros problemas sofrerá barreiras não tarifárias. Por isso, deve desenvolver políticas agrícolas e buscar certificações para abrir as portas do mundo, o que passa por treinamento, conscientização e mudança de paradigmas.
Segundo Pinazza, o produtor sabe a importância de preservar o ambiente, mas essa consciência deve abranger todos os processos da cadeia produtiva.
? O conceito de sustentabilidade será cada vez mais amplo ? ressalta.
De acordo com o especialista, o novo Código Florestal leva em conta que sustentabilidade é ambiente, mas também aspectos sociais e econômicos.
? É preciso buscar equilíbrio. Hoje, há uma rixa entre ambientalistas e agricultores, mas isso é uma falsa discussão, pois o produtor também é ambientalista.