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Produção de canola surge como alternativa ao cultivo de trigo no Sul do país

Oleaginosa deve integrar um mecanismo de rotação de culturas na propriedade, evitando eventuais contratempos climáticosCom estimativa de crescer 26,7% ante a safra passada, a produção de canola se consolida como alternativa ao trigo e outras culturas de inverno no Rio Grande do Sul. A perspectiva de lucro e o aumento da demanda das usinas valorizam a oleaginosa produzida no Estado, que corresponde a mais de 65% da produção nacional.

Na usina BS Bios, que abrange cerca de cem municípios da região de Passo Fundo (RS), a área processada deve quintuplicar neste ano ante os três mil hectares iniciais de 2007. Tudo graças ao trabalho e investimento de 350 produtores. Na região Sul, a empresa espera alcançar 25 mil hectares em 2011.

? O potencial é gigante, pois precisaremos de 200 mil hectares só no norte do Estado e não chegamos nem a 10% disso ? diz o coordenador do departamento de fomento da BS Bios, Fábio Júnior Benin.

O coordenador ressalta que o incentivo da usina à canola não visa consolidá-la como substituta do trigo e outras culturas, mas aproveitar a grande área ociosa da safra de inverno. Segundo o coordenador, a garantia de venda, o domínio tecnológico, o clima favorável e o baixo custo de produção têm contribuído para o avanço.

O produtor Beno Afonso Lütkemeyer, após duas décadas semeando trigo na lavoura no interior de Ernestina, no norte do RS, cansado da instabilidade do mercado e seduzido pela possibilidade de reduzir custos e incrementar o lucro da safra de inverno, decidiu trocar o trigo pela canola.

Em 2010, experimentou a oleaginosa em 35 hectares. Sem muitos investimentos, o resultado foi satisfatório. Um ano depois, porém, quadruplicou a área e projeta atingir média de 35 sacas por hectare, quase o dobro do obtido na safra anterior. Se alcançar a meta, projeta lucro de 50%:

? O trigo me dava muito trabalho e pouco resultado. Espero mudar essa história.

Segundo o produtor, que também desistiu da cevada após oito anos, a canola é mais consistente por ter valor agregado. Com venda garantida da safra com a BS Bios, Lütkemeyer sonha alto. Em 2012, já pretende ampliar a área para 200 hectares.

No entanto, é preciso cautela, recomenda o assistente técnico em agroenergia da Emater, Alencar Rugeri. Para o especialista, a canola deve integrar um mecanismo de rotação de culturas na propriedade. Assim, há mais segurança e diferentes alternativas de renda, o que evita eventuais contratempos, principalmente climáticos.

A expansão do cultivo também passa pela criação, em 2010, da Associação Brasileira dos Produtores de Canolas (AbrasCanola). Com sede em Passo Fundo, a entidade tem cerca de 25 associados e pretende aumentar o quadro por meio de ações, projetos e parcerias que promovam capacitação técnica, difusão de tecnologias e fomento.

? O crescimento da associação contribuirá para desenvolver a canola no país ? ressalta o presidente da AbrasCanola, Erasmo Carlos Battistella.

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