A produção e o mercado de bananas no Brasil foi tema de um encontro que reuniu esta semana em Registro, no interior de São Paulo, cerca de 400 técnicos, especialistas e produtores da fruta. O simpósio sobre bananicultura é considerado o principal evento do setor no país. O tema do encontro este ano é a situação atual e as perspectivas deste segmento.
A discussão acontece num momento preocupante, segundo o engenheiro agrônomo José Carlos de Mendonça. Falta produto no mercado, por um simples motivo, a qualidade é bem inferior a de outros anos. A principal região produtora de bananas do Estado de São Paulo concentra-se no Vale do Ribeira, com 70% da produção nacional. O produtor José Antônio de Almeida, que tem cinco alqueires de bananal no município de Sete Barras, acredita que só vai aproveitar pouco mais da metade do que está colhendo.
Muito da situação nos bananais no Vale do Ribeira agora é reflexo da enchente que aconteceu em janeiro e fevereiro. Na época, o Canal Rural esteve na propriedade de Almeida e ele já calculava que metade da produção fosse perdida. O que sobrou foi comprometido pelo frio. As temperaturas baixas nestes últimos dias, um pouco antes do tempo, atrasaram o desenvolvimento dos cachos. Por isso que muitos têm que ser descartados.
No levantamento feito pelo Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo, a banana é um dos produtos que teve maior queda de preços no mês passado. A caixa de 21 quilos da nanica era vendida a R$ 11,60 em abril. Em maio, ficou em R$ 9,76, sendo a queda de 16,32%.
Uma das explicações, segundo os responsáveis pelo levantamento, é que houve resistência dos consumidores nos últimos dias por causa da qualidade das bananas.
O representante do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), Maurício de Sá Ferraz deu uma palestra aos produtores no simpósio em Registro sobre as alternativas para os produtores compensarem a queda de renda.
A banana que não está com este apelo visual bom, que seja industrializado. Que se transforme em chips, em passa, ou vá pra uma indústria de purê. Comece a trabalhar outros nichos de mercado pra não depreciar o preço final, ou melhor, afugentar o consumidor da gôndola, daquele produto mal formado, com má aparência ? disse ele. As alternativas ajudam, mas para os produtores vai levar um bom tempo ainda para que a situação se normalize.