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CENÁRIO

Produção de trigo no Cerrado mineiro pode cair 30% em 2024

Os dirigentes do Moinho Sete Irmãos defendem que a qualidade do trigo de Minas Gerais é superior aos concorrentes

trigo
Imagem: Embrapa

A produção de trigo no Cerrado mineiro pode cair 30% em 2024 devido ao clima quente e seco. A Safras News participa de visitas à cadeia produtiva em Minas Gerais e conversou com membros do setor, que ventilaram essa perspectiva.

No ano passado, conforme Safras & Mercado, o estado produziu 450 mil toneladas. Para este ano, a Safras Consultoria esperava estabilidade, mas deve divulgar novos números, reajustados para baixo, em breve.

As temperaturas têm sido mais altas do que o normal para a época, inclusive à noite, o que compromete a cultura, que precisa de períodos em torno de 10°C. Apenas ultimamente as temperaturas chegaram perto de 16°C, o que ainda não é suficiente.

Conforme o gerente comercial do Moinho Sete Irmãos, de Uberlândia (MG), Max Mahlow, as preocupações com as perdas impactam no planejamento da empresa, que, normalmente, compra 50% de seu consumo anual no início da safra. Até o momento, a compra para estoques estratégicos ainda não ocorreu, pois ninguém quer vender.

Os produtores estão resistentes em fechar negócios, pois acreditam que os preços ainda devem subir. A postura é respaldada pelo movimento recente de Chicago, que dá margem para novas elevações internas.

Outro motivo para a cautela dos produtores é a incerteza sobre o quanto conseguirão colher e entregar. Para alguns, o custo de colocar as máquinas no campo já não compensa. As perdas podem chegar a 100% em algumas lavouras. “Vemos lavouras completamente degradadas e outras excelentes”, disse o presidente do Moinho Sete Irmãos, José Flávio Mohallem.

Além das compras estratégicas, o moinho também adquire cerca de 6 mil toneladas ao mês, o que corresponde a 80% da sua capacidade instalada mensal, de 7,5 mil toneladas. O gerente comercial do moinho salienta que compra 95% do que consome no Triângulo Mineiro. O restante vem de São Paulo e do Paraná, a custos mais altos. “A logística é nosso forte por estarmos próximos do produtor. Compramos de todos os tamanhos, desde 30 toneladas até 3 mil”, disse. Ele celebra a evolução da tecnologia no campo e a profissionalização dos produtores de trigo na região.

Moinho se mostra satisfeito com qualidade do cereal tropical

Os dirigentes do Moinho Sete Irmãos defendem que a qualidade do trigo de Minas Gerais é superior aos concorrentes, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Pelo menos na comparação com os lotes que chegam até sua empresa.

Eles especulam que, pela distância, é possível que os cereais de maior qualidade sejam destinados a outros compradores. Segundo o presidente, José Fábio Mohallem, em testes com farinhas do Sete Irmãos, de um moinho italiano e de um argentino, a mineira levou vantagem.

No entanto, ele brinca que não quer “fazer propaganda” do produto sob risco de ficar sem. De qualquer forma, caso a ambição da Embrapa Trigo se concretize, o Brasil pode se tornar autossuficiente na produção do cereal, colhendo 20 milhões de toneladas até 2030.

Para o gerente comercial do moinho, Max Mahlow, a expectativa é continuar comprando no Cerrado “e nunca mais importar”. Ele garante que desde que o moinho começou a comprar localmente, os resultados melhoraram, tanto em qualidade quanto nas finanças.

Em conversa sobre as cultivares disponíveis no mercado, Mahlow disse ver a necessidade de melhora, mas enfatizou: “não compramos variedade de trigo, compramos resultado de análise”.

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