Ao contrário da crise de 1999/2000 – quando o setor enfrentava forte desregulamentação e o desafio era conter a oferta por causa da produção excedente e dos preços baixos – desta vez, o problema é oposto. A falta de matéria-prima eleva os preços dos produtos no Brasil e no exterior, colocando em dúvida a capacidade do setor de atender um mercado pressionado pela alta demanda de açúcar e de álcool combustível.
Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, a possível quebra de 8% a 15% na safra de cana e de até 20% na produção de etanol na região Centro-Sul – responsável por 50% da cana e 60% do álcool produzido no país – embora atribuída diretamente ao envelhecimento do canavial, às adversidades climáticas e à queda de qualidade da matéria-prima, é fruto da conjuntura econômica pós-crise de 2008.
? Vivemos hoje a soma de todos os males. Houve problemas de clima, de falta de investimento nas plantações e de falta de planejamento. A crise de 2008 não foi uma marola, mas uma onda gigante para surfistas profissionais, que surte até agora seus efeitos. Com a crise, os produtores e a indústria ficaram sem recursos para financiar a renovação do canavial ? afirma o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e sócio da Consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corrêa de Carvalho.
Ele lembra que o setor precisaria crescer de 7% a 8% ao ano e construir 15 novas usinas de médio porte por ano até 2020 para abastecer a frota de flex e o crescimento vegetativo 2% do consumo mundial de açúcar.