A produtividade da agricultura empresarial brasileira vai continuar a garantir safras cada vez maiores, mas com uma expansão menor da área plantada até a próxima década. A participação da produção brasileira no comércio exterior deve aumentar ainda mais, ressaltando que o mercado interno mantenha-se como o principal destino dos alimentos produzidos no país.
? O país deve continuar a produzir alimentos para o nosso povo e outras nações do planeta. Isso mostra a importância e a força do setor agropecuário na economia brasileira ? aponta o ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
Ele lembra que o mundo vai precisar cada vez mais de alimentos e o Brasil é um dos poucos países capazes de ampliar a produção de alimentos sem comprometer seus recursos naturais. Rossi cita estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), para quem o planeta terá de ampliar em 70% a produção de alimentos para garantir a segurança alimentar da população mundial. A oferta global de proteína animal e vegetal atualmente não é suficiente para alimentar todos os povos.
? Cerca de um bilhão de pessoas passa fome na Terra ? lamenta o ministro.
O relatório foi produzido pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura e coloca grãos e carnes como as principais apostas do Brasil para ampliar a produção e a exportação. Coordenado pelo pesquisador José Garcia Gasques, o documento indica algodão em pluma, milho, café, açúcar, soja em grão, leite, celulose, carnes de frango e bovina como os produtos agropecuários brasileiros com maior potencial de crescimento.
De acordo com o chefe da Assessoria de Gestão Estratégica, Derli Dossa, as projeções apontam o algodão como o produto que vai se destacar até a safra 2020/2021.
? A estimativa é de aumento de 47,8 % na produção e variação positiva de 68,4% nas exportações ? informa.
Atualmente, o país produz 1,6 milhão de toneladas de algodão em pluma. A produção vai superar 2,3 milhões de toneladas em dez anos. Quanto à exportação do produto, os embarques subirão para 800 mil toneladas, em comparação as 500 mil toneladas atuais.
A região situada entre sul do Maranhão, norte do Tocantins, sul do Piauí e noroeste da Bahia ? denominada Matopiba ? é uma das apostas do Ministério da Agricultura como a nova fronteira agrícola do país.
? A região será um marco da agricultura do século 21 em função, inclusive, dos preços reduzidos da terra ? aponta Dossa.
O ministério prevê aumento na produção de grãos em Matopiba. O salto será de 13,3 milhões de toneladas de grãos colhidos em 2010 para 16,6 milhões de toneladas no início da próxima década. Em compensação, a área de colheita deve aumentar de 6,4 milhões hectares para 7,5 milhões de hectares.
Tecnologia
? A produção crescerá com base na produtividade. O Brasil tem mostrado que é possível elevar a produção sem ampliar o crescimento da área plantada, com investimentos em tecnologia. A expansão da área de grãos no país se dará em percentual bem abaixo do seu crescimento histórico ? destaca Rossi.
O ministro afirma que tais estimativas são até modestas, diante dos saltos obtidos pela produção agropecuária nos últimos anos.
? As projeções são factíveis, mas devem ser superadas. Temos potencial para isso ? relata.
O Brasil deve manter-se como um dos grandes fornecedores de proteína animal no mercado mundial de alimentos. De acordo com Gasques, a produção de carnes de frango, bovina e suína deve aumentar 26,5% até o início da próxima década. O volume pode superar 31,2 milhões de toneladas. No ano passado, as carnes produzidas no país somaram 24,6 milhões de toneladas. Desses três tipos de carnes produzidas no Brasil, o frango deve se destacar, com perspectivas de aumento de 33,7% nas exportações e de 30% na produção.
Apesar de as estimativas do Ministério apresentarem forte aumento das exportações dos produtos nacionais, o mercado interno continuará crescendo no ritmo atual, devido ao aumento da renda dos brasileiros. Na safra 2020/2021, 64,7% do cultivo de soja serão destinadas ao mercado interno. Gasques calcula que 85,4% da produção de milho deverão ser consumidos internamente.
Quanto à produção de carne de frango, 67% não deverão sair do país. Já em relação à carne bovina, 83% serão também destinadas ao consumo nacional. Da suína, 81% terão o mesmo destino.
Mesmo com aumento do consumo interno, a tendência, segundo o estudo, será de aumento da inserção do Brasil no comércio mundial de alimentos. As projeções indicam que a participação da soja grão deve ser de 33,2% nos próximos dez anos.
? Carne de frango deve chegar a 49,% e a carne bovina, 30% ? calcula Dossa.
Quanto às exportações, depois de algodão, leite e milho serão os produtos brasileiros com maior variação positiva, com ampliação de 50,4% e 56,4%, respectivamente, nas vendas para o mercado internacional.
Projeção regional
O relatório da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura aponta Goiás como o Estado brasileiro que terá maior aumento da produção de cana-de-açúcar, 42,1%. Atualmente, a produção é pouco expressiva no Estado. São Paulo vai manter-se na próxima década como o maior Estado produtor de cana do país.
São Paulo seguirá como o maior produtor de cana-de-açúcar do país. A produção do Estado deve chegar, no início da próxima década, a 574,4 milhões de toneladas, contra os 441,8 milhões de toneladas no ano passado. O crescimento da produção deve chegar a 30%, quase o mesmo percentual da ampliação da área de cultivo, que deve chegar a 6,7 milhões de hectares. Em 2010, a área ocupada pela cana foi de 5,2 milhões de hectares.
Quanto à produção de soja, o Estado do Mato Grosso deve manter-se como maior fornecedor do país, de acordo com Gasques. No ano passado, o Estado produziu 20,2 milhões de toneladas. O volume deve saltar para 25,7 milhões de toneladas em 2021.