A colheita de lichia em algumas propriedades de Indaiatuba deve começar em dezembro. Por enquanto, os poucos frutos que vingaram ainda estão verdes e pequenos.
O caseiro Nivaldo Rodrigues de Souza trabalha em uma chácara há 22 anos. Ele diz que nunca a plantação deu tão pouco. No ano passado, foram colhidas 15 toneladas de lichia. Agora ele acha que não vai chegar a uma tonelada.
? Chegou a época, o mês da florada não veio, me assustou muito. Não produziu. Acho que foi o ácaro, que atacou muito ? diz Souza.
O agrônomo e presidente da Associação Brasileira de Produtores de Lichia, Amauri Peratelli, diz que o problema não é novo, e a cada dia aumenta mais. O causador não é visível a olho nu, mas nas folhas dá para ver o estrago que faz. Aceria Lichii é o nome científico do ácaro, que, segundo Amauri, já infestou 95% das propriedades de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, os principais Estados produtores.
? Ele entra sempre em vegetações novas, brotações bem novinhas. Ele causa injúrias nas brotações novas, onde ele se alimenta, e vai depois para as folhas mais velhas, causando problema. Isso também acontece nas flores e nos frutos ? diz Peratelli.
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A lichia é uma fruta exótica e começa a entrar no mercado já no início do próximo mês. Há seis anos, o Brasil produzia até sete mil toneladas. Agora, este número mal chega a três mil. Muito da redução é por causa do ácaro. O pior, dizem os técnicos, é que não existe no Brasil nenhum produto registrado para o controle. A poda, que Nilvaldo Souza e o filho estão fazendo agora é, por enquanto, a forma mais eficiente de evitar a infestação.
? Depois da poda nós temos que fazer uma pulverização com calda sulfocálcica para garantir que o ácaro realmente seja controlado. A calda não é um produto registrado, mas é permitida na agricultura orgânica. Então, ela não tem problema de ser utilizada ? diz Peratelli.
O controle do ácaro da lichia aumenta o custo para o produtor, elevando em até 40% os gastos na lavoura. Este ano, com menor oferta, os produtores esperam que aumente também o preço. Segundo a Associação, a previsão é de que eles recebam até R$ 3,70 pelo quilo, 30% a mais do que na safra passada.
O fim do ano é o melhor período de comercialização da fruta. Por causa do problema nas lavouras, o consumidor que planeja ter lichia nas festas de Natal e Ano Novo também deve pagar mais caro.
