A bem-sucedida aventura começou em 1967. Com dois irmãos, Roos fundou a sementeira que leva seu nome. Antes, em 1963, já haviam iniciado a compra e a venda de grãos.
– Só tínhamos acesso à semente que vinha das cooperativas, mas era de baixíssima qualidade. Percebi isso e decidi trabalhar no ramo. Mas um grupo fechado de bancos e cooperativas temia a concorrência. Chegaram a bloquear financiamentos para as minhas sementes. Chegava lá e eles diziam: sementes do Roos não financiamos – conta.
A resistência que sofreu foi compartilhada por outros poucos produtores que também se aventuravam na atividade.
– Não financiavam sementes sem certificação e as empresas criadas naquela época tinham dificuldade para conseguir isso com as cooperativas. Então, criaram a Associação dos Produtores de Sementes do Rio Grande do Sul (Apassul). Assim, certificavam as próprias sementes e conseguiam romper essa barreira – conta o presidente da Apassul, Efraim Fischmann.
O primeiro ano de funcionamento da sementeira de Roos, em 1967, foi o mais difícil. A produção ficou toda estocada devido à retaliação que sofreu. Em compensação, o ano de 1968 foi próspero.
– Deu uma seca muito forte e não tinham a quem recorrer. Eu estava com o armazém lotado. Vendi feito louco – lembra.
A melhor época para os negócios veio no final da década de 1970. Cafezais paranaenses foram queimados, forçando o investimento na soja. Já os anos 2000, levaram um baque à indústria gaúcha, acentuando a história de altos e baixos.
– Chegaram os transgênicos e muitos agricultores passaram a usar sementes clandestinas. Foi o momento mais complicado – recorda Roos.
Aquele momento, acrescenta o produtor, foi um marco para a produção no Rio Grande do Sul.
– Os transgênicos colocaram a biotecnologia no jogo. Como as pesquisas aqui eram proibidas, as multinacionais chegaram ao Estado com muita força e acirraram a disputa.
Produção de volta aos trilhos
Na safra 2003/2004, o índice de cultivo com sementes certificadas chegou a ficar em torno de 2% no Rio Grande do Sul. Porém, a posterior liberação dos transgênicos e o desenvolvimento da biotecnologia recolocaram a produção nos trilhos, elevando a marca para 50% nos dias de hoje.
A indústria se estabilizou e atualmente produz 150 mil toneladas de sementes. Destas, 100 mil ficam no Estado. O restante vai para Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
– Mesmo com a indústria consolidada, ainda teríamos espaço no mercado. Para deixar 100% do Estado com cultivo de sementes legalizadas, teríamos de produzir mais 100 mil toneladas – afirma o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barison Neto.
Por ano, a empresa de Roos produz cerca de 40 mil toneladas de sementes – metade é vendida para fora do Estado. Tudo sob o comando atento do empresário.
– Estou com 80 anos, mas não tenho problema de saúde. Meus filhos trabalham comigo, chefiam setores, mas o diretor-geral sou eu. Ainda mando em tudo – diverte-se Roos.