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Produtor de 80 anos conta trajetória da maior sementeira do Rio Grande do Sul

História de Orlando Roos, cujo trabalho é especializado em soja, se confunde com a da agricultura do EstadoTrabalho, perseverança e fartos investimentos em tecnologia fizeram de Orlando Roos o maior sementeiro do Rio Grande do Sul, segundo a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem). Mas nada foi simples na caminhada do agricultor de 80 anos. Com bom humor, ele recorda os maus bocados que passou no início da vida empresarial, ainda na década de 1960, quando criou a empresa cerealista que mais tarde se transformaria também em produtora de sementes, especializada em soja.

A bem-sucedida aventura começou em 1967. Com dois irmãos, Roos fundou a sementeira que leva seu nome. Antes, em 1963, já haviam iniciado a compra e a venda de grãos.

– Só tínhamos acesso à semente que vinha das cooperativas, mas era de baixíssima qualidade. Percebi isso e decidi trabalhar no ramo. Mas um grupo fechado de bancos e cooperativas temia a concorrência. Chegaram a bloquear financiamentos para as minhas sementes. Chegava lá e eles diziam: sementes do Roos não financiamos – conta.

A resistência que sofreu foi compartilhada por outros poucos produtores que também se aventuravam na atividade.

– Não financiavam sementes sem certificação e as empresas criadas naquela época tinham dificuldade para conseguir isso com as cooperativas. Então, criaram a Associação dos Produtores de Sementes do Rio Grande do Sul (Apassul). Assim, certificavam as próprias sementes e conseguiam romper essa barreira – conta o presidente da Apassul, Efraim Fischmann.

O primeiro ano de funcionamento da sementeira de Roos, em 1967, foi o mais difícil. A produção ficou toda estocada devido à retaliação que sofreu. Em compensação, o ano de 1968 foi próspero.

– Deu uma seca muito forte e não tinham a quem recorrer. Eu estava com o armazém lotado. Vendi feito louco – lembra.

A melhor época para os negócios veio no final da década de 1970. Cafezais paranaenses foram queimados, forçando o investimento na soja. Já os anos 2000, levaram um baque à indústria gaúcha, acentuando a história de altos e baixos.

– Chegaram os transgênicos e muitos agricultores passaram a usar sementes clandestinas. Foi o momento mais complicado – recorda Roos.

Aquele momento, acrescenta o produtor, foi um marco para a produção no Rio Grande do Sul.

– Os transgênicos colocaram a biotecnologia no jogo. Como as pesquisas aqui eram proibidas, as multinacionais chegaram ao Estado com muita força e acirraram a disputa.

Produção de volta aos trilhos

Na safra 2003/2004, o índice de cultivo com sementes certificadas chegou a ficar em torno de 2% no Rio Grande do Sul. Porém, a posterior liberação dos transgênicos e o desenvolvimento da biotecnologia recolocaram a produção nos trilhos, elevando a marca para 50% nos dias de hoje.

A indústria se estabilizou e atualmente produz 150 mil toneladas de sementes. Destas, 100 mil ficam no Estado. O restante vai para Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

– Mesmo com a indústria consolidada, ainda teríamos espaço no mercado. Para deixar 100% do Estado com cultivo de sementes legalizadas, teríamos de produzir mais 100 mil toneladas – afirma o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barison Neto.

Por ano, a empresa de Roos produz cerca de 40 mil toneladas de sementes – metade é vendida para fora do Estado. Tudo sob o comando atento do empresário.

– Estou com 80 anos, mas não tenho problema de saúde. Meus filhos trabalham comigo, chefiam setores, mas o diretor-geral sou eu. Ainda mando em tudo – diverte-se Roos.

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