Dólar e lucro menor obrigam vendas antecipadas

Vendas da safra 2015/2016 estão mais avançadas do que no ciclo anterior, mas também há produtor otimista aguardando melhores preços

Canal Rural | Mato Grosso e Rio Grande do Sul

A alta do dólar e melhora de ganhos no mercado futuro impulsionou as vendas de soja nos últimos meses. A menor rentabilidade da última safra, aliada ao aumento dos custos do próximo ciclo, obrigam o agricultor a comprometer a maior parte da produção para cobrir despesas com insumos.

A venda antecipada de soja já alcançou 20% do volume de produção esperado, o que representa 20,30 milhões de toneladas, segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado. No mesmo período do ano passado, pouco mais de 16 milhões de toneladas tinham sido vendidas.

– Ano passado, os produtores tiveram a oportunidade de segurar um pouco mais a soja e poder especular um pouco com isso, esperar um preço melhor. Como eles já tinham certo dinheiro, não precisou antecipar tanto a safra– afirma o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez.

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De acordo com Gutierrez, este cenário deve seguir nas próximas semanas por causa da tendência de alta da moeda norte-americana. Apesar disso, o Mato Grosso está mais devagar em relação à venda antecipada no ano passado.

A análise indica que 5,8 mi t de soja da safra 2015/2016 no estado foram vendidas. Isso equivale a 20% do volume de produção esperado. São quatro 4 pontos percentuais a menos que em 2014. Alguns produtores estão dando prioridade ao milho.

–Eles estão conseguindo formar um preço interessante para eles no momento, então estão aproveitando isso para vender um pouco mais de milho e segurar um pouco a soja, até porque existe uma ideia dos produtores que a soja pode melhorar e com o dólar subindo a gente ta vendo que o preço está se sustentando – explica.

Produtor cauteloso

O agricultor Silvésio Oliveira, de Tapurah (MT), ainda tem soja armazenada. Ele não antecipou a comercialização da próxima safra e aguarda um melhor momento. Apesar da soja se beneficiar da valorização do dólar frente ao real, o produtor demonstra preocupação com a próxima safra.

– O preço ainda não chegou ao meu custo de produção. Aqui em Tapurah, como a gente está um pouco fora da rota das tradings, a gente fica por último para comercializar. Quanto mais aumenta o custo mais aumenta o risco, e tem algum tempo o preço baixou e não tem sinais de recuperação acentuada –justifica o agricultor.

O agricultor Nelci José Lorenzi vai pelo caminho contrário. Um terço da produção dele já foi vendida, a fim de garantir os custos de produção.

–Vendemos em torno de 30%, um pouquinho agora foi feito a mais, para que a gente consiga chegar a um número e que a gente colocou como meta no custo de produção– comenta Lorenzi.

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