Caso aconteceu no estado de Minnesota, no norte do país e foi registrado por um brasileiro que vive lá. Na gravação ele explica a razão para colher naquelas condições. Veja a produtividade que ele conseguiu nessa área!
Daniel Popov, de São Paulo
Um vídeo curioso está viralizando rapidamente pelas redes sociais. Nele um brasileiro está com a colheitadeira no meio de uma lavoura de soja cheia de neve. O caso foi gravado em Minnesota, nos Estados Unidos, na última sexta-feira (dia 16) e vale a pena ver como cada lugar apresenta uma dificuldade diferente para quem vive no campo.
O vídeo começa com o trabalhador saldando um amigo, que provavelmente soube do que estava acontecendo e pediu o vídeo para mostrar aqui no Brasil. “Fala Ditinho como é que tá, beleza? Aqui é o Guilherme Padilha falando direto de Minnesota, divisa com o Canadá, nos Estados Unidos. Ta ai o vídeo que me pediu, colhendo soja na neve. Será que é diferente um pouquinho ou não é?”.
O próprio Ditinho (Benedito Moreira), que é vendedor de maquinários no Paraná, acabou lendo a reportagem e falou com o Soja Brasil sobre o caso. “Ele era meu cliente aqui no Paraná e depois de se formar agrônomo resolveu morar nos Estados Unidos. Nós continuamos em contato e sempre conversamos sobre as tecnologias de lá. E foi em um destes papos que ele mandou esse vídeo ai da colheita”, diz Ditinho.
Padilha era produtor rural no Brasil e após um intercâmbio na fazenda de Minnesota, recebeu um convite para continuar por lá como o responsável pela agricultura de precisão e parte operacional. “A fazenda do Paraná é da minha família e eles ficaram lá cuidando, enquanto vim para cá aperfeiçoar meus conhecimentos e aprender inglês”, conta Padilha com exclusividade ao Soja Brasil.
Ele conta que em Minnesota faz a mesma coisa que fazia como produtor no Brasil, incluindo toda a operação da fazenda e das máquinas. “Porém com uma qualidade de vida infinitamente maior”, afirma. “Acabei ficando pelas questões de segurança, saúde e estrutura, né.”
A produtividade nos talhões colhidos por Padilha renderam uma média de 47 sacas por hectare. “Terminamos de colher os 1.680 hectares que tínhamos com soja ontem (sexta-feira, dia 16). Em geral a produtividade de soja aqui é baixa devido às condições climáticas, mas esse ano até que não foi tão ruim”, diz Padilha.
Ainda no vídeo Padilha afirma que o ano não foi fácil, se referindo aos problemas climáticos que as regiões produtoras americanas tiveram ainda após o plantio, com a falta de chuvas, e depois com fortes invernadas e até neve fora de época.
“Esse foi um ano complicado, não pudemos entrar no campo antes. Como o campo está com neve, tem que estar muito frio para a neve passar por dentro da máquina e não derreter. Se isso acontecer vai começar a entupir todas as peneiras”, relata Padilha. “Hoje olhei no termômetro e está -8ºC agora, aumentou um pouquinho, mas daqui a pouco começa a esfriar de novo e vai chegar até -15ºC.”
Por fim ele diz que não pensa em voltar ao Brasil mais. “Definitivamente não. Hoje estou estabilizado aqui, tenho negócios, tenho um filho americano. Não existe comparação. Vamos empreender por aqui. Temos alguns projetos em andamento, vamos ver o que dá”, conta Padilha.
Assista ao vídeo
Clima e colheita
Nos Estados Unidos a colheita da oleaginosa tem avançado a passos mais lentos que a mesma época do ano passado. Até o dia 11 de novembro, 88% da área estimada de 36,1 milhões de hectares havia sido semeada. Se comparado à semana anterior o avanço foi de apenas 5 pontos percentuais.
Em igual período do ano passado, a colheita americana era de 93%, mesma quantidade registrada na média histórica para o período. “As condições das lavouras nos Estados Unidos são muito boas, embora as chuvas de outubro tenham atrapalhado a colheita e trazido alguns excessos de umidade que podem ter afetado um pouco a qualidade”, diz o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez.
No milho também aconteceu
Veja abaixo o vídeo sobre a colheita do milho, que Ditinho recebeu de Padilha.