Investimento na tecnologia RR2 vira alternativa para evitar gastos a mais com a aplicação de defensivos
Manaíra Lacerda | Piracanjuba (GO)
No município de Piracanjuba, sul de Goiás, os produtores estão usando a criatividade para manter os investimentos em tecnologia, mesmo com o aumento dos custos. Para conseguir isso, os agricultores da região estão segurando a abertura de novas áreas.
Produtor de soja há mais de 27 anos e adepto ao sistema de agricultura de precisão há sete, Adriano Donegá está preparando o solo para a safra 2015/2016. Serão 1550 hectares destinados para o cultivo da oleaginosa. Como o agricultor apostou no aumento de 250 hectares, ele teve que usar a criatividade para conseguir manter o investimento em tecnologia.
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A única máquina que ele possui para aplicar inseticidas não vai ser capaz de pulverizar tudo a tempo. O jeito será plantar 400 hectares da soja Intacta RR2 Pro, que é resistente às quatro principais lagartas da laovura de soja, o que reduz o número de aplicações.
– No ano passado, eu não plantei nada de Intacta, porque a gente só precisa aplicar o fungicida a cada 20 dias, vou arriscar nela – afirma Donegá.
Mas quem vai plantar sementes com a tecnologia RR2 precisa estar atento ao refúgio. Segundo o engenheiro agronômo Ricardo Arruda, da Monsanto, a medida vai além de preservar 20% da área com soja sem a biotecnologia e manter a distância máxima entre a lavoura com Intacta e a área de refúgio. O inseticida é outro item que deve ser levado em conta.
– É importante que o agricultor faça o manejo do refúgio da mesma forma que faz na área da RR2. Não aplicar inseticidas com a mesma base da Bt, que é a tecnologia da sementes, o que pode prejudicar o manejo das pragas – orienta.
Existem outras formas de reduzir os custos sem deixar a tecnologia de lado, como utilizar menos defensivos sem perder a eficiência da aplicação. O pesquisador da Embrapa Soja Edson Hirose defende que o produtor faça mais o Manejo Integrado de Pragas (MIP).
– Por exemplo [de excesso de aplicação], se você optar por controle químico quando há população baixa ou em um estágio tão avançado que você já perdeu o ponto de controle – explica Hirose.
Investimento em área
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Piracanjuba, Eduardo Iwasse, o município tem cerca de 80 mil hectares voltados para a cultura da soja e a capacidade de mais de 30% para expansão.
– Novas áreas estão sendo abertas, tem gente arrendando, mas não deve interferir muito [em aumento de área]. É mais caro abrir área e os produtores não farão estes investimentos – justifica.
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