As plantadeiras de Rondônia já estão no campo, carregadas com insumos e expectativas para a safra que começa. Mas muitos produtores estão preocupados não só com o clima que atrasa o plantio, mas também com os altos custos para a implantação das lavouras. Fazendo as contas, um produtor disse que o plano é tentar conseguir pelo menos 68 sacas de soja, para ter quatro sacas de lucro. A diferença seria para pagar os custos.
Por essa razão, Diego Comiran, de Vilhena (RO), não quer nem saber de se arriscar e plantar soja no pó, nem mesmo para salvar o milho que vem depois. Os gastos com defensivos, que na safra passada representavam 28% dos custos, agora equivalem a 40% do total. Depois de fazer as contas, ele percebeu que a margem ficou apertada.
“É o ano com custo mais alto da história para a produção de soja. Nós estamos próximos dos US$ 1.000 por hectare. O nosso planejamento da fazenda é plantio a partir de outubro, independentemente se chover agora em setembro ou não. Justamente por ser um ano com custos extremamente altos, não pode errar, tem que ser o mais eficiente possível”, diz.
Mas, na vizinhança de Comiran, a situação é diferente. Em outra fazenda, que também está sem chuvas, a opção foi por plantar no seco mesmo, na área em que antes estava o algodão. Ali 500 hectares receberam sementes e agora esperam pela água para germinar. Para o pesquisador da Embrapa Vicente Godinho, a semeadura nessas condições implica um grande risco, apesar de grãos de alto vigor e qualidade aguentarem sem água por um certo período.
“De 15 a 20 dias, essa semente ainda mantém a capacidade de boa germinação. Obviamente, se tiver chuvas intermediárias, que favoreçam umidade para a semente. Depois disso, se tiver um veranico, o tempo de duração da viabilidade dessa semente pode ser reduzido”, afirma.
A pressa para plantar a soja mais uma vez é pensando na safra posterior, que no caso de muitos dos produtores da região será o algodão – de rentabilidade maior que a do milho –, que tem janela de plantio entre 10 de janeiro e 10 de fevereiro. Nesse caso, como ainda não choveu, a semente está sendo plantada a uma profundidade maior, de 8 cm, quando normal para esse tipo de solo seria entre 4 e 5 cm.
Tem fazenda em que já choveu
Na fazenda Jaqueline, também em Vilhena (RO), que sediou a Abertura Nacional do Plantio da Soja, o que facilitou o início do plantio da soja foi a chuva que caiu na noite anterior.
“A gente já tinha registrado aqui um acumulado de duas chuvas de 50 mm, mais algumas pancadas em torno de 35 a 40 mm. Isso nos proporcionou plantar de 700 a 800 hectares em uma tacada só, aproveitando a boa umidade do solo”, diz o gerente regional do grupo Masutti, Paulo Filho.
Rondônia otimista
Em Rondônia, segundo a Aprosoja, a área plantada com soja deve aumentar até 15%, chegando a 380 mil hectares. Na safra passada o estado produziu um 1,1 milhão de toneladas. Já a produtividade, que era 52 sacas por hectare, tem potencial para crescer. O motivo é a rotação com algodão, liberada no estado no fim de 2018.
Nas área em que o algodão era plantado o resultado é melhor. Isso ocorre porque a pluma exige adubação pesada, em grande quantidade. O algodão não consegue absorver toda essa adubação, então deixa um resíduo bom para a soja. Provavelmente é para ter um aumento na produtividade sim”, diz o presidente da Aprosoja-RO, Juca Masutti.