“Produtor de soja deve pensar na margem de lucro e não só no preço”

Segundo o analista Gil Barabach, da consultoria Safras & Mercado, esta necessidade de gestão se dará pela perspectiva de câmbio e cotações em baixa

Esta deve ser uma safra desafiadora para o produtor de soja brasileiro, garantiu o analista Gil Barabach, da Safras & Mercado. Entre as razões apontadas por ele estão o câmbio em baixa e as cotações da oleaginosa  que também não devem ficar em patamares remuneradores. Por isso, ele indica que o produtor deve mudar sua estratégia de comercialização para focar na rentabilidade e não apenas no preço, como é feito hoje.

Inicialmente, o analista explica que as cotações do dólar indicam que ele está mais acomodado e que o risco de uma alta expressiva nos meses finais deste ano e também no começo de 2018 é menor neste momento. “O câmbio é um elemento fundamental na decisão de negócios no agronegócio, mas a perspectiva é de que o dólar oscile entre R$ 3,10 e R$ 3,20 nos últimos meses de 2017, iniciando 2018 entre R$ 3,20 a R$ 3,25”, projeta.

A razão para esta movimentação menor na moeda americana vem dos Estados Unidos e do Brasil. Barabach explica que o Federal Reserve não deve elevar consideravelmente a alta de juros nos Estados Unidos, fato que mantém a moeda estável, se subisse, o câmbio reagiria, por exemplo. No Brasil, as expectativas de ajustes na meta fiscal e de aprovação da Reforma da Previdência têm contribuído para que a curva de dólar perca força. “Somente algum fato novo poderia trazer um novo indicativo de alta para o dólar no curto prazo.  Havia um indicativo de saída do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nas últimas semanas, o que poderia afetar o câmbio, mas os ânimos se acalmaram e ele deve continuar”, afirma.

Preço X rentabilidade

Em termos de negócios, sempre pensando na necessidade do produtor de trabalhar a gestão comercial, avaliando riscos e oportunidades, Barabach ressalta que o preço de uma commodity tende, no longo prazo, a ficar próximo ao custo de produção. “Por isso é preciso gerir os riscos de preços, sem ficar passivo às flutuações de mercado. O produtor tem de começar a pensar na margem que ele pretende buscar no negócio e não apenas no preço”, comenta.

O analista explica, com base no cenário atual, que a tendência é de queda no preço internacional e também no Brasil no médio prazo, dadas as perspectivas de safra recorde em ambos os países. Barabach entende que o momento está mais propício para o produtor trabalhar com os riscos do que com as oportunidades. “Seria interessante o produtor tentar fracionar mais os lotes de venda, sempre atento às variações do mercado, sem arriscar demais. Muitos produtores deixaram de negociar a soja quando o preço estava melhor apostando em uma quebra na safra norte-americana. Ela não aconteceu e a safra norte-americana tende a ser recorde, o que afeta o preço. Assumir esse risco de não negociar é arriscar demais”, disse ele durante a palestra promovida pela Federação das CooperativasAgropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), na Expointer, 

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