Essas são as tendências apontadas pelo primeiro levantamento sobre a safra 2011/2012, divulgado nesta segunda, dia 05, pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. Segundo o Deral, a área ocupada com a agricultura se mantém em torno de 5,6 milhões de hectares plantados com as principais culturas de verão, como milho, soja e feijão. Mas a produção este ano pode ser levemente inferior, porque as produtividades alcançadas com a soja e o milho na safra passada foram recordes no Estado.
Em condições normais de clima, a previsão é que o Paraná tenha uma produção de 21,72 milhões de toneladas de grãos de verão, o que representaria uma queda de 1,7% em relação ao mesmo período da safra anterior (2010/2011), que foi recorde, com um volume de 22,1 milhões de toneladas.
A secretaria informa aos agricultores paranaenses que institutos de meteorologia do Estado alertam sobre a possibilidade de nova manifestação do fenômeno climático La Niña no segundo semestre deste ano. Se isso acontecer, na região sul do país deverá chover regularmente e a temperatura poderá ficar acima do normal, podendo ocorrer períodos de estiagem entre a semeadura e o desenvolvimento vegetativo nos próximos meses.
A recomendação dos técnicos diante dessa ocorrência climática é que antecipem o plantio de milho e soja, para diminuir o risco de queda na produtividade. Os produtores devem fazer o plantio escalonado, observar o zoneamento agrícola e seguir com atenção as recomendações da assistência técnica e dos órgãos de pesquisa.
No caso da soja, o Deral alerta o produtor que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento autorizou ajustes já feitos no Zoneamento Agropecuário, antecipando em 10 dias o plantio em vários municípios paranaenses. Nas localidades autorizadas, o plantio de soja poderá iniciar a partir de 21 de setembro.
Principais culturas
Nos últimos anos, o produtor paranaense vinha reduzindo a área plantada com milho durante a primeira safra, deixando para plantar o grão na segunda safra. Este ano, o levantamento que aponta a tendência para a safra 2011/2012 detectou uma retomada do plantio de milho já na primeira safra, a de verão.
Conforme a pesquisa do Deral, a área plantada com milho da primeira safra pode crescer 15,3%, passando de 765 mil hectares na safra anterior ? a menor área plantada desde a década de 70 ? para 882 mil hectares, cerca de 117 mil hectares a mais. A área adicional provém da redução de área plantada com soja, feijão e batata.
Se for mantida essa área ocupada pelo milho da primeira safra, a produção prevista poderá atingir 6,86 milhões de toneladas, um aumento de 14% sobre a produção da safra anterior, que gerou um volume de 6,02 milhões de toneladas.
Os bons preços do milho, com perspectiva de seguirem firmes nos próximos meses, estão entre os fatores que influenciaram o produtor a optar por plantar mais este ano. Os estoques mundiais estão ajustados e tudo indica que a safra 2011/2012 será de recuperação dos volumes de produção. O preço médio recebido pelos agricultores de janeiro a agosto deste ano ficou em R$ 22,78 a saca de 60 quilos, 48% acima do preço médio alcançado em 2010 que foi de R$ 15,40 a saca.
SOJA ? A soja, que atingiu uma safra recorde de 15,3 milhões de toneladas este ano, pode ser reduzida em 7,6%, devendo atingir um volume de 14,15 milhões de toneladas. A área plantada se mantém equilibrada, com redução de 1%, devendo cair de 4,48 milhões de hectares plantados na safra 2010/2011 para 4,43 milhões de hectares plantados na safra 2011/2012.
Apesar de este primeiro levantamento apontar para uma leve redução na área plantada, a cultura da soja ainda é a principal atividade da agricultura paranaense. O preço do grão está favorável ao produtor, cerca de 17% acima do preço médio praticado em 2010, passando de uma média de R$ 35,95 a saca no ano passado para R$ 42,18 este ano.
Entre os fatores determinantes para o produtor paranaense plantar a soja estão a liquidez atrelada ao mercado internacional, menor custo de produção em relação ao milho, manejo mais fácil desde o plantio até a colheita e menor risco climático em relação ao milho.
FEIJÃO ? O feijão perde área em função do desestímulo do produtor. A área ocupada na primeira safra do grão, conhecida como safra das águas, cai de 345 mil hectares na safra passada para 303 mil hectares plantados na safra 2011/2012, uma queda de 12,2%, correspondente a cerca de 42 mil hectares. A maior parcela desta área deve ser destinada à cultura do milho.
A produção esperada acompanha essa queda, com uma redução de 5%, cerca de 29 mil toneladas a menos do que o volume colhido na safra anterior. No ano passado, a produção da safra de feijão das águas alcançou volume de 533,5 mil toneladas e na próxima temporada (2011/2012) a previsão é de produção da ordem de 504,6 mil toneladas no mesmo período.
Os produtores estão desmotivados em função dos preços recebidos na comercialização este ano, que ficaram abaixo do Preço Mínimo de Garantia, fixado em R$ 80,00 a saca de 60 quilos. Para agravar a situação, o Ministério da Agricultura anunciou que a partir de novembro de 2011 o preço mínimo do feijão será reduzido para R$ 72,00 a saca, desestimulando ainda mais o produtor. Por isso, os agricultores estão optando pela cultura do milho, que está com um mercado mais promissor.
OUTROS ? Produtos como batata e cebola devem perder área plantada para o milho. A redução no cultivo da batata será de 14,2%, cerca de 2,6 mil hectares a menos que no ano passado. A safra também acompanha essa redução, caindo de 490,5 mil toneladas na safra 2010/2011 para 420,7 mil toneladas na safra 2011/12. O produtor enfrentou queda de preços do produto na safra passada, quando a oferta aumentou bastante no mercado.
A cebola deve perder em torno de 1,4 mil hectares de área plantada, o que corresponde a uma queda de 17,6% em relação ao ano passado, quando foram ocupados 8,2 mil hectares com a cultura. Na safra 2011/2012, o levantamento do Deral aponta que deverão ser cultivados 6,7 mil hectares. A produção cai de 162,8 mil toneladas na safra passada para 132,7 mil toneladas na próxima safra, cerca de 30 mil toneladas a menos do que a obtida na safra anterior.
O tomate também apresenta uma ligeira queda na área plantada, em torno de 0,6%. Mas isso não deve impedir o crescimento do volume produzido, estimado em 6,7% (de 228,1 mil toneladas na safra passada para 243,4 mil toneladas na próxima safra). O aumento deve-se ao fato de que na safra anterior o excesso de chuvas afetou a qualidade e a produtividade dos frutos em algumas regiões.