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Segundo o superintendente do Ministério da Agricultura em Mato Grosso do Sul, Jair Barelone, o comércio irregular de agrotóxicos tem aumentado.
– Tem aumentado a apreensão destes produtos, ainda mais agora por causa da helicoverpa. Como não tem produto no Brasil, acho que deve ter importado muito do Paraguai estes produtos – diz o superintendente.
A equipe do Canal Rural percorreu o caminho até Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na divisa com Pontaporã. A equipe rodou 100 quilômetros, passou pelo Posto Fiscal e também pela Polícia Rodoviária Federal, sem qualquer abordagem.
De acordo com agricultores da região, é na chamada linha internacional entre os dois países que passa grande parte do contrabando de agrotóxicos. Entre eles, o mais reivindicado por produtores na última safra, o benzoato de emamectina, que combate com eficiência a Helicoverpa armigera, lagarta que devastou lavouras no lado brasileiro. Proibido o uso no Brasil, tem o comércio liberado no Paraguai. Até propaganda do produto é possível encontrar, com telefone para contato no Paraguai e, também, com escritório no Brasil, o que é proibido.
Um produtor da região que não quis se identificar admitiu que muitos brasileiros utilizaram o benzoato nas lavouras em Mato Grosso do Sul.
– O produtor fica desesperado vendo a sua lavoura perdendo grande parte, entra em desespero e usa todas as armas que pode, uma delas é o contrabando deste produto. Há vários produtores que estão usando, devido os nossos 300 km de divisa seca. Há muita facilidade para que este produto venha para cá. Vem em embalagem disfarçada com nomes de produtos brasileiros e dentro está este veneno que está sendo usado aqui no Brasil. Claro que pela lei do Brasil não permitir o uso dele, força o contrabando de lá para cá – diz o produtor.
Um comerciante, que por motivo de segurança não quis gravar entrevista, conta que recebeu a seguinte proposta: utilizar a agropecuária dele como ponto de revenda do benzoato. O produto viria do Paraguai em embalagens disfarçadas e seria vendido legalmente no Brasil. O comerciante compra de forma legal uma determinada quantidade de agrotóxico no Brasil. Do Paraguai, vem a mesma quantia em embalagens iguais às compradas no Brasil, e dentro delas está o benzoato. Assim, o produto é vendido na revenda de forma disfarçada e com notas quentes.
– O benzoato entra disfarçado no Brasil. São indústrias de embalagem que tem dentro do Paraguai que fazem a embalagem que for preciso, colocam o produto dentro e vêm para o Brasil parecendo um produto daqui. Ele, inclusive, vem lacrado – diz o comerciante.
– São 700 quilômetros de fronteira seca. É muito difícil fiscalizar. O Ministério da Agricultura faz fiscalização, a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal, que é responsável pelo vazio sanitário, vai às propriedades e, se achar, complica a vida do camarada. Além disso, tem uma multa enorme e o produto é aprendido. O produtor responde criminalmente – diz a secretária de Agricultura do Estado, Teresa Cristina.
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