Produtores agropecuários argentinos protestam contra aumento de impostos

Polêmica sobre o assunto vem se arrastando há semanasOs produtores agropecuários da província de Buenos Aires, a maior e mais importante da Argentina, decidiram fazer uma paralisação de nove dias para protestar contra a elevação de impostos territoriais, aprovada nesta quinta, dia 31, pela assembleia provincial.

A polêmica sobre o assunto vem se arrastando há semanas. O governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, baixou um decreto para forçar a discussão e a votação da reforma tributária.

– A mesa agropecuária da província de Buenos Aires declara a paralisação da comercialização, excluindo os produtos perecíveis, a partir da meia-noite do sábado, 2 de junho, até domingo, dia 10 – anunciaram os produtores em nota distribuída à imprensa.

A paralisação pode afetar as exportações, no caso de as empresas não terem estoques de grãos e oleaginosas.

– É um dia triste e que terminou no início de uma medida de força que tentamos evitar até o último momento – disse o presidente da Sociedade Rural, Hugo Biolcati.

Segundo os produtores, os aumentos atingem 300% e chegam durante uma safra com grandes perdas de milho e de soja.

– O aumento confiscatório se efetua em um contexto no qual os produtores estão fortemente afetados, primeiro por uma seca, e agora pelas inundações e perpétua transferência de recursos das comunidades do interior ao governo federal – declararam no comunicado.

A província de Buenos Aires e outras do país se encontram em sérias dificuldades financeiras e os aumentos dos impostos podem ajudar a superar o déficit fiscal. Nesse ano, quase todas as províncias apresentam déficit em suas contas e algumas já aumentaram os impostos, como Tucumán, Río Negro e a Capital Federal. No primeiro quadrimestre, segundo levantamento realizado pela consultoria Abeceb, as arrecadações provinciais aumentaram 31,2% na comparação com igual período de 2011.

A transferência de recursos da Administração Federal às províncias cresceu somente 25,3% nos primeiros três meses do ano, enquanto em 2011 tinham aumentando 30% em relação ao ano anterior.

– Os números mostram claramente uma desaceleração econômica – disse a Abeceb.