Na mesma área em que está plantando milheto agora, o agricultor Luiz Schneider irá cultivar algodão em dezembro. Ele vai plantar 800 hectares, 200 a mais do que na safra passada. Este aumento foi motivado pelos bons preços pagos pela pluma, uma surpresa comemorada pelo produtor que há seis anos investe na cotonicultura. Este tempo foi suficiente para entender que os momentos de altas e baixas cotações são cíclicos. Por isso, ele não tem dúvidas quando fala sobre a principal expectativa com o governo de Dilma Rousseff:
? É preciso manter políticas de sustentação dos preços, já que as boas cotações não devem se manter por muito tempo. O governo federal deve garantir a renda mínima para quem investe tanto na atividade.
Em Mato Grosso, maior produtor de pluma no Brasil, os agricultores investem alto para manter e ampliar a área cultivada. Nesta safra devem ser plantados no Estado pelo menos 560 mil hectares segundo a Conab. Considerando apenas os gastos com o plantio, estimados em aproximadamente R$ 3,4 mil por hectare, devem ser movimentados quase US$ 2 bilhões.
Para a Associação Matogrossense dos Produtores de Algodão (Ampa) esta garantia de renda está diretamente relacionada com a redução dos gastos com transporte. Isso porque boa parte do que seria o lucro do agricultor fica pelas estradas. Por isso uma das demandas da entidade é justamente o investimento em infraestrutura e logística.
? Hoje o algodão atinge os melhores preços dos últimos 140 anos, mas com os problemas de logística enfrentados em Mato Grosso, o produtor vê esta lucratividade escapar ? afirma o presidente da entidade, Gilson Pineso.
O setor também cobra a revisão cambial, já que a valorização do real frente ao dólar compromete os bons preços pagos pela pluma no mercado internacional.