Produtores apostam na retomada da produção após período de seca no Rio Grande do Sul

Personagens retratados durante o período de seca no Estado gaúcho mostram como estão as lavouras na atual safraJoão Lazzaretti, 60 anos, está faceiro. Conseguiu fazer a lavoura de milho, em Constantina, no norte do Rio Grande do Sul, voltar a dar resultado. Plantou quatro hectares dos 14 hectares da propriedade e planeja dar início à colheita no mês de janeiro.

– Agora está muito bom, choveu, a plantação está bonita – gaba-se o produtor gaúcho, satisfeito.

O clima de otimismo começou somente no final de novembro, quando veio a esperada chuva. Anteriormente, em setembro, houve geada e pouca umidade. Por causa disso, Claudio Dóro, assistente técnico regional de culturas da Emater/RS em Passo Fundo, afirma que a safra na região não será tão boa como a média de anos anteriores. Ainda assim, irá superar a deste ano, devastada pela seca.

Lazzaretti lembra bem dessa época. A estiagem dizimou 85% do plantio, fazendo o produtor perder 300 sacas, um total de 6 mil quilos de milho. O prejuízo de cerca de R$ 8 mil ainda faz volume no banco.

– Tenho uma dívida de R$ 10 mil – lembra, angustiado.

Mas olhando para o futuro, o agricultor se anima, já que a projeção é de que, em duas safras, consiga sair do vermelho. A recuperação é uma perspectiva compartilhada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).

– Acreditamos que, com a nova safra, os produtores consigam se recuperar. Não totalmente, mas em parte – afirma o presidente da Fetag-RS, Elton Weber.

Lazzaretti já faz as contas. Com uma produção sem quebra, pretende lucrar cerca de R$ 2 mil em cada hectare. Alguns produtores da mesma região preferiram não arriscar com o milho, que precisa de muita água, e apostaram na soja – com preços ainda mais atrativos no mercado internacional. Por isso, a Emater/RS estima que haverá redução de 15% na produção do milho em relação à média dos anos anteriores na região.

– Houve aumento no cultivo de soja. Mas a produtividade do milho que será colhido, obviamente, ficará acima do ciclo deste ano, que teve seca – afirma Dóro.

Questionado porque preferiu não mudar de cultura, Lazzaretti dá de ombros.

– Sempre plantei milho. Vou continuar plantando. É o que sei fazer – explica.

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