– Apareceu uma oportunidade quando o IAC colocou à disposição dos produtores um projeto de arroz especial, que fica no polo de Pindamonhangaba e eu me interessei. Fui o primeiro produtor a acreditar nesse mercado e comecei a produzir o arroz preto – relata.
A produção começou com uma pequena área experimental e cresceu significativamente, bem como a demanda, segundo Ruzene.
– Vimos que havia mercado para o vermelho e se trabalhou em cima para produzir. Depois, arbóreo integral. E assim para cada tipo de culinária – discorre.
Atualmente, são 200 hectares cultivados com sete tipos de arroz com cores, tamanhos e aromas diferentes. A novidade mais recente é o miniarroz. O grão tem menos da metade do tamanho comum.
Para que novos produtos cheguem ao mercado, é realizado um extenso trabalho de pesquisa e seleção. Em campo, são selecionadas amostras, que são levadas para um laboratório dentro da própria fazenda. A que apresenta melhor desempenho nos testes é multiplicada e volta a campo para ser produzida e depois comercializada em empórios e restaurantes de alta gastronomia, segundo a engenheira agrônoma Maria Oséas Ruzene.
– Eu quero um grão que tenha aroma, por exemplo, então vou escolher o grão que tenha aroma e que também seja produtivo – explica.
A produtividade do arroz especial, no entanto, não passa de três toneladas por hectare, enquanto variedades como agulhinha rendem oito toneladas. A grande vantagem para o agricultor está no preço. O proprietário de uma casa de pães em Pindamonhangaba, São Paulo, José Francisco Rezende, conta que comercializa o pote de meio quilo do produto especial a uma média de R$ 13,00. Já três quilos do agulhinha são vendidos por até R$ 6,00.
– Existe um público fiel. Ele está procurando a qualidade em termos de sabor e valor nutricional, porque vem atrás desse produto. Não está procurando o mais barato ou mais caro. Hoje, por incrível que pareça, ele tem uma saída, às vezes, maior que o arroz tradicional – afirma.
Ruzene recebe produtos de 10 agricultores do Vale do Paraíba em sua indústria e pretende expandir os negócios.
– Essas são vantagens que a região tem. Produtores com áreas pequenas e alta tecnologia para fornecer esses produtos – aponta.